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Ministra argentina da Defesa é indiciada
Governo Kirchner, que já perdeu titular de Economia, vê
Garré depor sobre contrabando de material bélico aos EUA
Caso estoura no mesmo dia
em que Cristina Kirchner,
senadora e primeira-dama,
lança sua candidatura para
as eleições presidenciais
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
O dia do lançamento da candidatura de Cristina Fernández
de Kirchner à Presidência da
Argentina começou mal para o
governo de seu marido, Néstor:
mais uma ministra de Estado
está sob investigação. A titular
da Defesa, Nilda Garré, foi chamada a depor numa ação de
contrabando de material bélico
aos EUA. Segundo o jornal "La
Nación", Garré foi indiciada como suspeita; a ministra diz que
só foi chamada a testemunhar.
O juiz Guillermo Tiscornia
investiga a apreensão de 6.739
kg de peças de fuzis que seriam
exportadas pela estatal Fabricações Militares à JLD/PTR,
fábrica de Connecticut (EUA)
pertencente a um argentino. O
material estava declarado por
apenas US$ 2.644,45. Para Tiscornia, houve subfaturamento
e contrabando agravado -por
se tratar de material bélico.
Garré foi indiciada, diz o "La
Nación", porque a autorização
final para o embarque foi concedida pelo Ministério da Defesa. "Não fui indiciada. Estou
sendo convocada pelo juiz para
entregar elementos que sirvam
para esclarecer os fatos", afirmou ela ontem.
A ministra atribuiu sua convocação a uma "sobreatuação"
do juiz. "De aqui a outubro, vai
haver muitas "sobreatuações".
Estamos em campanha."
Garré disse não ter conhecimento técnico de armamento e
que, por isso, não percebeu o
subfaturamento. "É a Aduana
que deve controlar se há subfaturamento. A Aduana não fez
objeções ao preço."
A Aduana deu uma dura resposta. "Em todo o mundo, os
preços das exportações são
pactuados entre exportador e
importador. Ocorre que no embarque que se ia realizar [...], o
subfaturamento foi tão grosseiro que não foi necessário recorrer a um estudo de valor para
tomar a decisão de bloquear a
exportação", afirmou em nota.
O caso Garré vem à tona na
mesma semana em que Kirchner se viu forçado a se desfazer
da ministra da Economia, Felisa Miceli. Investigada porque
foi achada, no banheiro de seu
gabinete, uma bolsa com o
equivalente a R$ 120 mil em
dólares e pesos, Miceli renunciou depois que a Procuradoria
pediu que ela fosse chamada a
depor como suspeita de "encobrimento de uma operação financeira de origem duvidosa".
Contra-ataque
Desta vez, porém, o governo
contra-atacou. A Comissão de
Acusação do Conselho da Magistratura, controlada por
kirchneristas, agilizou o trâmite de uma denúncia feita pela
empresa Codere contra o juiz
Tiscornia, que chamou Nilda
Garré a depor.
A Codere acusa Tiscornia de
cobrar propina; ontem a comissão aceitou a denúncia e recomendou que Tiscornia sofra
juízo político, com o que pode
levá-lo a perder o cargo.
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