São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Irã adia decisão sobre programa nuclear

Reunião em Genebra termina sem resposta de Teerã à oferta da UE em troca da suspensão de suas atividades atômicas

Participação inédita de representante americano havia gerado expectativa; nova rodada de discussões ocorrerá em duas semanas


DA REDAÇÃO

O encontro que reuniu ontem na Suíça os principais envolvidos nas discussões sobre o programa nuclear iraniano terminou sem avanços, contrariando a expectativa criada pela inédita presença dos EUA em conversas diretas com o Irã.
Segundo Javier Solana, chefe da política externa da União Européia (UE) e principal interlocutor do Ocidente nas discussões com Teerã, o Irã "não disse sim nem não" à última oferta de cooperação econômica em troca da suspensão de suas atividades nucleares. Conforme cronograma prévio à reunião, o país tem duas semanas para responder à proposta, lembrou Solana.
"O encontro foi produtivo mas não tivemos a resposta que esperávamos", disse Solana.
Uma nova rodada de discussões deve ocorrer num prazo de duas semanas, mas o negociador Said Jalili deixou claro que o Irã continuará descartando a exigência dos EUA de paralisar seu programa nuclear como condição prévia para negociar.
O Irã insiste em que suas instalações nucleares servem apenas para a produção de energia e há cinco anos negocia com o Ocidente uma solução que lhe permita continuar enriquecendo urânio -o que pode fazer sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, mas desde que em cooperação e sob a vigilância da Agência Internacional de Energia Atômica.
Os EUA acusam o governo iraniano de desenvolver secretamente um arsenal nuclear. Num gesto de abertura, porém, a Casa Branca enviou a Genebra o número três da diplomacia americana, William Burns, que sentou-se ao lado de Solana. Burns recebeu ordens de "apenas ouvir, não negociar".
O representante americano não falou publicamente e, durante o almoço, não se sentou à mesma mesa que a delegação iraniana. Após o fim do encontro, o porta-voz da Casa Branca, Sean McComarck, disse que "os iranianos devem entender que seus líderes precisam fazer uma escolha entre a cooperação, que traria benefícios a todos, e a confrontação, que só pode levar a mais isolamento".
Também estiveram na reunião representantes dos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -Reino Unido, França, Rússia e China - e a Alemanha.

Distensão
Além da participação americana, a expectativa sobre a reunião havia sido reforçada por sinais de distensão entre Washington e Teerã. O Irã confirmou anteontem a possibilidade de abertura de um escritório de interesses comerciais dos EUA em Teerã e o restabelecimento de linhas aéreas entre os países.
Os EUA cortaram as relações com o Irã depois que islâmicos radicais mantiveram reféns durante 444 dias em sua embaixada em Teerã, em 1979. Desde então, a Casa Branca impôs um embargo seletivo ao Irã e pressionou a ONU a também punições econômicas.


Com agências internacionais


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