São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2010

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ANÁLISE

Fidelidade aos textos sagrados separa vidas no islã e Ocidente

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

"Se se encontrar um homem dormindo com uma mulher casada, todos os dois deverão morrer: o homem que dormiu com a mulher, e esta da mesma forma. Assim, tirarás o mal do meio de ti." Essa passagem não foi tirada do Alcorão, mas da Bíblia (Deuteronômio 22:22).
Os muçulmanos não inventaram o apedrejamento de adúlteros. O Alcorão determina para aquele apanhado cometendo o delito uma pena de cem chicotadas. É o "Hadith" -a narrativa dos atos do profeta que, com o Alcorão, forma a base da lei islâmica-, que autoriza, após as chibatadas, a dilapidação.
Detalhes legais à parte, a diferença entre islã e Ocidente hoje é que, enquanto este assistiu a uma progressiva laicização das instituições e da vida, o primeiro permanece fiel a suas origens e seus textos religiosos.
Talvez seja excessivo dizer que o Ocidente se tornou irreligioso, mas é certo que ficou pouco zeloso nessa matéria.
Isso fez com que as fogueiras inquisitoriais não voltassem a acender-se e permitiu que a ciência avançasse por terrenos antes vedados. É dessa revolução iluminista que o islã se ressente. Lá mais que cá, Estado e religião se confundem e tomam-se ao pé da letra os textos que mandam assassinar apóstatas.
Para o filósofo Sam Harris, é esse excesso de literalidade que está por trás dos homens-bomba.


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