São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011

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Câmara dos EUA aprova plano que Obama rejeita

Oferta de corte na área social sem aumentar impostos acirra polarização

Proposta concorrente, bipartidária, emergiu no Senado e teve apoio do presidente como solução contra dívida

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

A Câmara dos Representantes (deputados) dos EUA, dominada pela oposição, aprovou um plano que prevê cortes severos em gastos sociais e limites às despesas do governo, entrando em uma queda de braço com o Senado e ignorando a ameaça de veto do presidente Barack Obama para marcar posição.
A votação ocorreu ontem à noite, após outra proposta, bipartidária, emergir no Senado e ganhar apoio de Obama e de analistas como possível solução para enxugar a trilionária dívida do governo federal e evitar o calote.
O projeto que passou pela Câmara, batizado de "corte, restrinja e equilibre" e assinado por republicanos, tira dinheiro de uma série de programas do governo e descarta elevar a receita (impostos) _os democratas querem somar cortes e arrecadação. Além disso, pede que o governo limite seu gasto a menos de 20% do PIB, hoje em quase US$ 15 trilhões, e condiciona aos cortes o "sim" para elevar o teto da dívida em US$ 2,4 trilhões.
O movimento, rechaçado por parte do partido, é uma forma de os deputados republicanos mostrarem serviço. Pesquisa da rede CBS nesta semana mostra que para 71% dos entrevistados a oposição conduz o debate da forma errada, contra 48% que criticam o presidente. "Enquanto Obama apenas fala em cortar os gastos, os republicanos da Câmara agem", disse o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, após a votação.
A sobrevida do projeto, porém, é improvável. Obama promete vetá-lo, e o Senado, dominado por democratas, pôs suas fichas no segundo plano, da chamada Gangue dos Seis _três senadores republicanos, três democratas.
Essa proposta permite ao governo esticar sua dívida, mas o obriga a eliminar do Orçamento US$ 3,7 trilhões (25% do PIB) em dez anos. De cada US$ 3 economizados, US$ 2 viriam de cortes e US$ 1 da arrecadação. Analistas conservadores e parte dos republicanos exortam a Câmara a aceitar essa conta.
Para eles, seria uma vitória dos que querem enxugar programas federais como a seguridade social e o Medicare (assistência pública à saúde), em troca de um preço modesto: o fim da isenção tributária promovida por George W. Bush. Mas a queda de braço reflete como políticos dos dois lados veem no debate uma faixa de largada para as eleições gerais do ano que vem.
A dívida americana, hoje avaliad em ao menos US$ 14,3 trilhões, atingirá seu teto em 2 de agosto. Sem acordo, o governo não terá mais dinheiro a gastar e pode declarar um calote em credores externos e internos.


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