São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011

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Ex-vice de Chávez pede limite a informação

Jornalista José Vicente Rangel defende restringir divulgação de notícias sobre a saúde do presidente, com câncer

Ele não enxerga o risco de que na Venezuela haja uma instabilidade democrática, com a ida de presidente a Cuba

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Vice-presidente por cinco anos e um interlocutor frequente de Hugo Chávez, o jornalista José Vicente Rangel, 82, afirma que, no caso do câncer do presidente venezuelano, o melhor "é limitar a informação".
Em entrevista à Folha, o também ex-ministro da Defesa minimiza os chamados à "unidade" feitos por Chávez a seu partido e aos militares antes de partir para Havana, no fim de semana.

 


Folha - Chávez pediu fim do "sectarismo", do "caudilhismo" dentro do PSUV. Que disputas há?
José Vicente Rangel -
Chávez assinalou que existe esse perigo potencial e que é obrigação dos dirigentes do PSUV e do governo, nestas circunstâncias em que ele está em tratamento fora do país, ter consciência de que são expressões que jogam contra o processo e que é preciso controlar. É um perigo latente em todas as organizações. De esquerda, direita, de centro.

Chávez falava de aspectos latentes? E disputas entre tendências, racha nos Estados?
Sim, sim... mas, repito, são situações inerentes à vida democrática. Isso acontece aqui na Venezuela, em qualquer nação. Na Venezuela, esse tipo de situação foi resolvido com um custo muito baixo, porque não significaram rupturas orgânicas no movimento, e sim dissidências muito pessoais e localizadas.

Chávez se foi sem data de retorno. O governo deu informação "veraz e oportuna" sobre a doença?
Seria temerário dar data de retorno. E se ele não puder voltar na data fixada, por alguma razão? O presidente buscará voltar o mais rápido possível. Foi feito e se disse o que se tinha de fazer e dizer [sobre a doença]. Da mesma forma que uma pessoa pode ter uma melhora, de repente, pode ter uma recaída. O melhor é limitar a informação. Numa situação como a venezuelana, tão polarizada, qualquer coisa que se diga é objeto de debate.

Fora Chávez, há alguém capaz de unir as diferentes alas do chavismo? E se ele não puder ser candidato em 2012?
Neste momento não há. No hipotético caso que sugere, estou certo de que surgirá. Há lideranças, mas não alternativas, porque a liderança de Chávez não está em crise.

O presidente pediu "unidade" aos militares. Isso não alimenta a ideia de que não há unidade?
Claro que alimenta. Estamos num país polarizado e com jornalistas desconfiados. Mas que chefe de Estado não invoca a unidade? Não há o menor risco de instabilidade democrática.


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