São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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Inquérito deve isentar comando por maus-tratos

DA REDAÇÃO

Inquérito do Exército americano a ser apresentado nos próximos dias deverá isentar comandantes militares de culpa pelos abusos de direitos humanos cometidos contra iraquianos na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá, segundo o "New York Times".
Apesar de considerar que altos comandantes americanos criaram condições para que os abusos ocorressem, o inquérito afirma não ter encontrado evidência de responsabilidade direta do coronel na chefia da unidade militar de inteligência em Abu Ghraib, Thomas Pappas, pelo caso.
O documento, a ser entregue ao Congresso dos EUA, deve responsabilizar pelos maus-tratos 24 civis, militares e agentes da CIA (o serviço secreto dos EUA).
Aberto pelo general George Fay e elaborado com base em sete investigações paralelas, o inquérito também deve citar médicos militares que tenham testemunhado ou tido conhecimento dos abusos, mas não os denunciaram.
Segundo o jornal, os acusados podem sofrer punições administrativas ou ações criminais.

Falhas
O Pentágono evitou emitir opiniões oficiais sobre o inquérito, alegando que ainda está em fase de revisão e pode ser modificado. Seu porta-voz interino, Bryan Whitman, afirmou que o documento estava quase terminado, recusando-se a dar detalhes. "É um relatório muito abrangente."
O documento aponta falhas dos comandantes na liderança e na provisão de recursos suficientes para administrar a prisão.
"Os comandantes deveriam ter exercido maior supervisão", disse um oficial do Pentágono que pediu para não ser identificado.
Outro funcionário afirmou que os comandantes não ordenaram, encorajaram nem permitiram os maus-tratos: "Não havia uma política concreta de normas do Pentágono para provocar isso", disse.
O inquérito concluiu ainda que dois tipos de maus-tratos foram cometidos em Abu Ghraib. O primeiro, de natureza sexual e violenta, foi totalmente intencional.
O outro tipo teria sido resultante de más interpretações dos procedimentos. "Eles estavam experimentando as técnicas. O guia de procedimentos estava aberto a interpretações", justificou um oficial do Pentágono.
O escândalo de Abu Ghraib veio à tona no final de abril com a divulgação de centenas de fotos tiradas dentro da prisão, nas quais os militares envolvidos apareciam intimidando, humilhando sexualmente, espancando e maltratando prisioneiros.
Até agora, sete soldados foram acusados. A maioria alega ter agido sob ordens de oficiais militares de inteligência.
Um relatório militar preliminar já apontara que os soldados haviam cometido atos criminosos "sádicos, primitivos e devassos" na prisão iraquiana.


Com "New York Times" e agências internacionais

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