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Pleito tem seções "escondidas" e ilustrações nas cédulas eleitorais
DO ENVIADO A CABUL
As peculiaridades da eleição
afegã começam nos detalhes.
Não há lista de locais de votação disponíveis para a população devido ao medo de que a divulgação antecipada atraia ataques do Taleban.
"Vamos ver amanhã na rua.
Se não acharmos uma seção
eleitoral facilmente, deve haver
algum cartaz na mesquita do
fim da rua", afirma o comerciante Haider Nazoor. O voto é
facultativo no país.
Não existem seções eleitorais
fixas entre as 7.000 pelo país.
Quem for votar para presidente
pode votar em qualquer local
do Afeganistão. Já a votação para os Conselhos Provinciais, as
Assembleias Legislativas locais, têm de ocorrer dentro da
circunscrição territorial da
Província em questão.
Como quem vota tem o dedo
pintado com uma tinta considerada indelével, em tese ninguém pode votar para presidente em mais de uma Província. No pleito de 2004, a tinta
não era tão indelével assim, e o
próprio Nazoor conta que seu
irmão votou três vezes em seções diferentes de Cabul. "Bastava passar detergente."
Os 15,6 milhões de eleitores
registrados terão duas cédulas.
Numa, 41 nomes de candidatos
a presidente (embora cerca de
35 devam realmente concorrer), seus números, fotos e os
símbolos por eles escolhidos
para representá-los.
Como acontece no vizinho
Paquistão, isso visa facilitar a
escolha dos analfabetos -que
no Afeganistão são estonteantes 72% do total da população.
O presidente Hamid Karzai enverga uma balança, Abdullah
Adbullah usa três potes de chá,
e por aí vai.
Há símbolos curiosos. Dois
candidatos escolheram aviões,
e 1 das 2 mulheres no pleito usa
uma maçã. Tentação? Não, no
islã é o trigo o fruto proibido do
Éden. Há uma picareta, naturalmente sem ironias.
Na outra cédula, que difere
de Província para Província, estão os candidatos locais
-3.000 em todo o país.
Resultados demorados
A logística é enorme, com 175
mil funcionários trabalhando
no país, segundo a Comissão
Eleitoral Independente. Seu
porta-voz, Noor Muhammad
Noor, afirma que os resultados
primários deverão ser conhecidos em 3 de setembro, mas os
finais, só no dia 17.
Caso nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos,
haverá segundo turno em 1º de
outubro.
Toda a apuração será feita localmente. Uma vez contados,
os votos serão reembalados
com seus resultados finais e
mandados para Cabul.
O custo do pleito está na casa
dos US$ 225 milhões, financiados pela ONU e pelos países
presentes com tropas. Ainda
que a ONU diga que o trabalho
é todo da Comissão Eleitoral, a
logística da eleição foi montada
por seus funcionários.
Para tentar coibir fraudes,
haverá cerca de 250 mil observadores. A grande maioria deles, mais de 220 mil, são ligados
a candidatos e partidos. Há
apenas 442 observadores internacionais e 255 jornalistas estrangeiros. A mídia local tem
497 registrados, e os observadores afegãos não partidários
são 7.367.
"Temos 100 mil homens dos
EUA e da Otan, quase 200 mil
soldados para a segurança. Mas
sabemos que o pleito será justo
devido a esse outro exército",
diz Noor.
Na eleição presidencial de
2004, 70% dos eleitores registrados compareceram às urnas.
Qualquer número muito inferior a isso será considerado
uma derrota para os EUA, os
grandes patrocinadores do
pleito, e o governo de Karzai.
(IG)
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