São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

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Iraque terá boom de segurança privada

Com retirada de tropas americanas, em 2011, número de agentes terceirizados deve dobrar, chegando a 7.000

Segundo Washington, eles serão obrigados a se registrar com o governo iraquiano e não terão imunidade especial


Maya Alleruzzo-18.ago.2010/Associated Press
Soldados americanos correm em direção à fronteira do Iraque com o Kuait

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Ao final da transferência já em curso das operações no Iraque de militares para civis, os EUA ficarão nas mãos de milhares de agentes de segurança privados que terão de ser contratados para assumir a defesa de diplomatas em campo e funções como treinar policiais.
Só em seguranças particulares, calcula-se que haverá um pequeno exército de até 7.000 homens, mais que o dobro do total atual. Além de proteger cerca de 2.400 civis, eles vão operar radares, rastrear bombas, defender complexos americanos e até controlar voos não tripulados.
A transição está a todo vapor. Anteontem ocorreu o marco simbólico da retirada da última brigada americana "de combate" do Iraque.
Em 1º de setembro, a operação dos EUA muda oficialmente para uma missão diplomática, cujo controle passa dos militares para o Departamento de Estado.
Em outubro de 2011, o departamento assume por completo a responsabilidade de treinar a polícia iraquiana, o que será feito na maior parte por agentes terceirizados.
A tarefa não será fácil. O departamento tem pouca experiência nesse tipo de operação, e não haverá presença forte de tropas em regiões de tensão, como as sob disputa entre curdos e árabes.
Para compensar, os EUA vão reforçar os laços diplomáticos no país. Além da embaixada em Bagdá, estão planejados quatro postos: dois consulados, em Irbil e Basra, e dois braços da embaixada, em Kirkuk e Mossul.
"Essa transição não é um desligamento estratégico do Iraque", disse Colin Kahl, subsecretário-assistente da Defesa para o Oriente Médio, em reunião com jornalistas da qual a Folha participou.
"Em muitos aspectos estamos aumentando e aprofundando nosso compromisso a longo prazo. A diferença é que o compromisso será mais civil do que militar."
Depois da saída da última brigada de combate com 440 homens, ainda restam 56 mil soldados americanos no país. Ao final de agosto, o número terá caído para 50 mil, incluídas seis brigadas de consultoria e assistência.
Esses soldados continuarão a carregar armas para autodefesa e, se convidados, acompanharão soldados iraquianos em missões. Forças especiais também ajudarão na busca de terroristas.

CONTROVÉRSIA
Além das dificuldades práticas, a transferência de tarefas para agentes privados também gera controvérsias.
Os iraquianos são sensíveis à presença dos terceirizados, após episódios em que civis desarmados foram massacrados por mercenários contratados pelos EUA.
Antecipando protestos, funcionários disseram que os terceirizados não terão imunidade especial e serão obrigados a se registrar com o governo iraquiano.
Além disso, algum funcionário diplomático de segurança (que supervisiona a defesa de postos diplomáticos) terá de aprovar e acompanhar 100% dos comboios civis no país.


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