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Iraque terá boom de segurança privada
Com retirada de tropas americanas, em 2011, número de agentes terceirizados deve dobrar, chegando a 7.000
Segundo Washington, eles serão obrigados a se registrar com o governo iraquiano e não terão imunidade especial
Maya Alleruzzo-18.ago.2010/Associated Press
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Soldados americanos correm em direção à fronteira do Iraque com o Kuait
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Ao final da transferência já
em curso das operações no
Iraque de militares para civis, os EUA ficarão nas mãos
de milhares de agentes de segurança privados que terão
de ser contratados para assumir a defesa de diplomatas
em campo e funções como
treinar policiais.
Só em seguranças particulares, calcula-se que haverá
um pequeno exército de até
7.000 homens, mais que o
dobro do total atual. Além de
proteger cerca de 2.400 civis,
eles vão operar radares, rastrear bombas, defender complexos americanos e até controlar voos não tripulados.
A transição está a todo vapor. Anteontem ocorreu o
marco simbólico da retirada
da última brigada americana
"de combate" do Iraque.
Em 1º de setembro, a operação dos EUA muda oficialmente para uma missão diplomática, cujo controle passa dos militares para o Departamento de Estado.
Em outubro de 2011, o departamento assume por completo a responsabilidade de
treinar a polícia iraquiana, o
que será feito na maior parte
por agentes terceirizados.
A tarefa não será fácil. O
departamento tem pouca experiência nesse tipo de operação, e não haverá presença
forte de tropas em regiões de
tensão, como as sob disputa
entre curdos e árabes.
Para compensar, os EUA
vão reforçar os laços diplomáticos no país. Além da embaixada em Bagdá, estão planejados quatro postos: dois
consulados, em Irbil e Basra,
e dois braços da embaixada,
em Kirkuk e Mossul.
"Essa transição não é um
desligamento estratégico do
Iraque", disse Colin Kahl,
subsecretário-assistente da
Defesa para o Oriente Médio,
em reunião com jornalistas
da qual a Folha participou.
"Em muitos aspectos estamos aumentando e aprofundando nosso compromisso a
longo prazo. A diferença é
que o compromisso será
mais civil do que militar."
Depois da saída da última
brigada de combate com 440
homens, ainda restam 56 mil
soldados americanos no
país. Ao final de agosto, o número terá caído para 50 mil,
incluídas seis brigadas de
consultoria e assistência.
Esses soldados continuarão a carregar armas para autodefesa e, se convidados,
acompanharão soldados iraquianos em missões. Forças
especiais também ajudarão
na busca de terroristas.
CONTROVÉRSIA
Além das dificuldades práticas, a transferência de tarefas para agentes privados
também gera controvérsias.
Os iraquianos são sensíveis à presença dos terceirizados, após episódios em
que civis desarmados foram
massacrados por mercenários contratados pelos EUA.
Antecipando protestos,
funcionários disseram que os
terceirizados não terão imunidade especial e serão obrigados a se registrar com o governo iraquiano.
Além disso, algum funcionário diplomático de segurança (que supervisiona a defesa de postos diplomáticos)
terá de aprovar e acompanhar 100% dos comboios civis no país.
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