São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

EUA preparam megaofensiva contra redutos de insurgentes; senadores republicanos criticam Bush

Premiê diz que não adia eleição no Iraque

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro interino do Iraque, Ayad Allawi, negou que a insurgência estivesse ganhando força e insistiu que as eleições nacionais ocorrerão no final de janeiro, conforme o planejado. As declarações foram dadas em entrevista à rede de TV ABC, levada ao ar ontem.
No mesmo dia, reportagem do "New York Times", citando fontes do comando militar dos EUA no Iraque, disse que os americanos preparam uma grande ofensiva militar para retomar cidades sob controle dos insurgentes até dezembro, em tempo hábil, portanto, para a realização do pleito.
Allawi se encontrou ontem com o premiê britânico, Tony Blair, em Londres, onde voltou a afirmar que as eleições de janeiro estão mantidas. Nesta semana, o iraquiano vai a Nova York participar da Assembléia Geral da ONU.
Questionado sobre o recente surto de violência -cerca de 300 pessoas morreram na última semana em atentados, seqüestros e confrontos-, Allawi disse que é errado presumir que a insurgência esteja crescendo.
"Não está ficando mais forte, está ficando mais desesperada. Estamos pressionando a insurgência", disse, insistindo que Samarra (100 km ao norte de Bagdá) está sob controle e que há progressos em Fallujah e Ramadi. As três cidades fazem parte do chamado Triângulo Sunita, onde os combates têm sido mais intensos.
Sobre a eleição marcada para 31 de janeiro, o premiê não confirmou se será candidato, mas admitiu que está inclinado a fazê-lo.

Megaofensiva
Lutando contra o tempo para assegurar as eleições de janeiro e em meio ao recrudescimento da violência, comandantes americanos no Iraque afirmaram ao jornal "New York Times" que estão preparando operações para controlar áreas rebeldes, sobretudo Fallujah, sob controle de insurgentes e grupos islâmicos.
Um alto comandante americano disse que os militares querem retomar Fallujah e outras áreas rebeldes entre novembro e dezembro -logo depois, portanto, da eleição presidencial dos EUA de 2 de novembro.
Ele se recusou a dar uma data para a ofensiva, mas disse que ela depende da disponibilidade de unidades policiais e militares iraquianas para ocupar a cidade após a ação americana.
Milhares de futuros policiais e militares iraquianos estão sendo treinados num imenso esforço liderado pelos EUA, a um custo de US$ 800 milhões para a construção de bases e campos de treinamento, entre outras despesas. No momento, os oficiais americanos afirmam que há cerca de 40 mil soldados na Guarda Nacional iraquiana -a força que provavelmente será usada em Fallujah.
Muitos desses soldados não têm equipamento adequado e possuem pouca ou nenhuma experiência em combate. Os americanos temem que se repita o desastre de abril, quando as forças de segurança iraquianas foram facilmente suplantadas por levantes xiitas e sunitas.

Críticas de senadores
Senadores democratas e republicanos exortaram o presidente George W. Bush a encarar a dura situação no Iraque e a mudar a sua política de ocupação.
"O fato é que é necessária uma análise dura e aprofundada de nossas políticas. Não fizemos isso no Vietnã e vimos 11 anos de vítimas crescerem a um ponto em que finalmente perdemos", disse à TV CBS o senador Chuck Hagel, veterano da Guerra do Vietnã e membro da campanha de Bush no Estado de Nebraska.
Richard Lugar, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e também republicano, disse que o governo é "incompetente" na reconstrução iraquiana. Ele disse que Bush gastou apenas US$ 1 bilhão dos US$ 18,4 bilhões aprovados pelo Congresso para a reconstrução.
"Exatamente certo", disse o senador democrata Joseph Biden, também membro da comissão -os dois participavam juntos de um programa da TV ABC.
Questionado sobre os planos de uma megaofensiva divulgados pelo "Times", o senador republicano John McCain disse: "Quanto mais atrasarmos em lidar com esses santuários, mais difícil será o desafio e haverá mais mais vítimas. A população iraquiana sofrerá porque insurgentes serão capazes de operar fora desses santuários com cera impunidade."


Com agências internacionais e o "New York Times"


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