São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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Lei eleitoral e desvantagem pequena explicam "arrogância" de Schröder

DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

O tom arrogante do chanceler (premiê) Gerhard Schröder desde a divulgação da boca-de-urna -reprovado por 63% dos entrevistados em pesquisa do instituto Infratest Dimap-, apesar de seu SPD ter perdido a disputa com o outro grande partido, a CDU, só pode ter duas explicações: sua "virada" surpreendente ou os meandros da leis eleitorais.
É verdade que, à frente dos social-democratas, ele conseguiu obter um resultado absolutamente inesperado. Afinal, há cinco semanas, o SPD contava com a preferência de apenas 26% dos eleitores, enquanto os democrata-cristãos tinham mais de 45%.
O quadro começou a ser alterado em agosto, quando Angela Merkel, candidata da CDU, anunciou que Paul Kirchhof seria seu ministro das Finanças.
Este, classificado de neoliberal radical pelos adversários, cometeu o erro de defender uma só tarifa para o Imposto de Renda (25%), o que os social-democratas e Verdes usaram à exaustão contra Merkel na campanha.
Em seguida, ela anunciou que aumentaria em dois pontos percentuais o imposto sobre o valor agregado. "Precisamos ser sinceros com os eleitores", justificou Merkel, mas o estrago estava feito.
Finalmente, no início do mês, o carismático Schröder foi nitidamente superior à sua concorrente no primeiro debate na TV, e a diferença entre a CDU e o SPD nas pesquisas caiu ainda mais.
A segunda razão podem ser as complexas leis eleitorais. O chanceler pode pensar que, se bloquear a formação de uma coalizão liderada por Merkel, acabará permanecendo na Chancelaria.
Podem existir até três eleições no Bundestag para chegar ao nome do chefe de governo. Na primeira, o candidato precisa ter mais de 50% dos votos. Senão, uma nova votação deverá ser realizada dentro de 40 dias. Se, novamente, uma Merkel sem maioria na Casa não puder obter mais de 50%, haverá um terceiro pleito indireto.
Nesse caso, o vencedor será quem obtiver o maior número de votos numa eleição secreta. Ou seja, Schröder poderia contar com o apoio de alguns -ou vários- parlamentares do Partido da Esquerda e vencer a disputa.
Em seguida, o presidente Horst Köhler teria duas alternativas: nomeá-lo chanceler ou dissolver o Bundestag e convocar eleições, pois o chanceler não teria maioria na Casa. Em ambos os casos, a situação tenderia a ser positiva para o SPD, pois ele vinha ganhando terreno no fim da campanha. (MSM)


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