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Lei eleitoral e desvantagem pequena
explicam "arrogância" de Schröder
DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
O tom arrogante do chanceler
(premiê) Gerhard Schröder desde
a divulgação da boca-de-urna
-reprovado por 63% dos entrevistados em pesquisa do instituto
Infratest Dimap-, apesar de seu
SPD ter perdido a disputa com o
outro grande partido, a CDU, só
pode ter duas explicações: sua "virada" surpreendente ou os meandros da leis eleitorais.
É verdade que, à frente dos social-democratas, ele conseguiu
obter um resultado absolutamente inesperado. Afinal, há cinco semanas, o SPD contava com a preferência de apenas 26% dos eleitores, enquanto os democrata-cristãos tinham mais de 45%.
O quadro começou a ser alterado em agosto, quando Angela
Merkel, candidata da CDU, anunciou que Paul Kirchhof seria seu
ministro das Finanças.
Este, classificado de neoliberal
radical pelos adversários, cometeu o erro de defender uma só tarifa para o Imposto de Renda
(25%), o que os social-democratas e Verdes usaram à exaustão
contra Merkel na campanha.
Em seguida, ela anunciou que
aumentaria em dois pontos percentuais o imposto sobre o valor
agregado. "Precisamos ser sinceros com os eleitores", justificou
Merkel, mas o estrago estava feito.
Finalmente, no início do mês, o
carismático Schröder foi nitidamente superior à sua concorrente
no primeiro debate na TV, e a diferença entre a CDU e o SPD nas
pesquisas caiu ainda mais.
A segunda razão podem ser as
complexas leis eleitorais. O chanceler pode pensar que, se bloquear a formação de uma coalizão
liderada por Merkel, acabará permanecendo na Chancelaria.
Podem existir até três eleições
no Bundestag para chegar ao nome do chefe de governo. Na primeira, o candidato precisa ter
mais de 50% dos votos. Senão,
uma nova votação deverá ser realizada dentro de 40 dias. Se, novamente, uma Merkel sem maioria
na Casa não puder obter mais de
50%, haverá um terceiro pleito indireto.
Nesse caso, o vencedor será
quem obtiver o maior número de
votos numa eleição secreta. Ou
seja, Schröder poderia contar
com o apoio de alguns -ou vários- parlamentares do Partido
da Esquerda e vencer a disputa.
Em seguida, o presidente Horst
Köhler teria duas alternativas: nomeá-lo chanceler ou dissolver o
Bundestag e convocar eleições,
pois o chanceler não teria maioria
na Casa. Em ambos os casos, a situação tenderia a ser positiva para
o SPD, pois ele vinha ganhando
terreno no fim da campanha.
(MSM)
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