São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Brasil oferece território para encontro de Chávez com Farc

Tema será incluído na reunião de hoje entre Lula e o presidente venezuelano

Nó da agenda bilateral é refinaria em Pernambuco; acordo chegou a ser fechado, mas Chávez teria exigido negociação política

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O governo Lula ofereceu o território brasileiro para um encontro entre o presidente Hugo Chávez e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O venezuelano tenta mediar a troca de 45 seqüestrados em poder do grupo por cerca de 500 guerrilheiros presos, mas há dúvidas sobre o local da reunião com o porta-voz da guerrilha, Raúl Reyes.
A posição brasileira foi explicitada ontem pelo porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach. "O Brasil já ofereceu a possibilidade de um encontro ser realizado no território brasileiro. Existe essa possibilidade", disse o porta-voz.
Segundo Baumbach, o Brasil apóia o esforço de mediação do presidente Chávez. "O Brasil confia no presidente Chávez como mediador desse conflito [colombiano] e já ofereceu a possibilidade, se for necessário, de que possam ser realizadas reuniões no território brasileiro", explicou.
O encontro entre Chávez e Reyes foi marcado para o próximo dia 8 de outubro. Até ontem, o local mais provável era o Palácio Miraflores, em Caracas. Recentemente, o presidente venezuelano disse estar disposto a se encontrar com as Farc em território colombiano, mas o colega Álvaro Uribe, que apóia a mediação de Chávez no caso dos reféns, não autorizou.
A convite de Lula, Chávez irá a Manaus hoje. Os dois presidentes almoçarão juntos e, à noite, encontram-se com o equatoriano Rafael Correa. Segundo a Presidência, o encontro tem a agenda aberta e foi definido por Lula como uma oportunidade de "colocar a conversa em dia".
A Folha apurou que um dos principais objetivos de Lula é "afinar o discurso" com o venezuelano, após uma série de "trocas de farpas" em temas como o Banco do Sul, álcool, o Gasoduto do Sul e a entrada da Venezuela no Mercosul.
O encontro bilateral entre Lula e Chávez foi precipitado pelo impasse em torno da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O projeto prevê uma participação de 40% da Venezuela, mas ainda não há acordo.
No final de agosto, em visita a Caracas, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, teria fechado um acordo com Rafael Ramírez, presidente da estatal venezuela PDVSA e também ministro do Petróleo.
A oficialização do acordo, porém, foi desautorizada em seguida por Chávez, que impôs uma negociação política. Dias depois, o venezuelano conversou com Lula por telefone e o encontro de hoje foi acertado. Nesse período, a Petrobras ratificou sua posição de que a obra sai com ou sem a participação da PDVSA, dando início à construção da refinaria.
A Petrobras vive um momento de paralisia na Venezuela nos três projetos em negociação: a exploração do campo de petróleo extrapesado Carabobo 1 (contrapartida da refinaria), a exploração do megacampo de gás Mariscal Sucre e a reativação de cinco campos maduros de petróleo. Atualmente, a empresa é sócia minoritária da PDVSA em quatro empreendimentos antigos de produção de petróleo.


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