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Pelotão matava "por esporte", diz jornal
"Washington Post" revela que soldados dos EUA em Candahar chegaram a simular ataque para matar afegão
Pai de um dos militares envolvidos afirma que tentou alertar Exército, sem sucesso; primeira morte foi em janeiro
Reprodução
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O soldado Winfield, que contou o caso ao pai no Facebook
DE SÃO PAULO
Cinco soldados norte-americanos são acusados de matar três civis afegãos, além de
desmembrar cadáveres e fotografá-los, na Província de
Candahar, no Afeganistão.
As autoridades militares
não comentaram o caso, mas
uma reportagem do "Washington Post" de ontem afirmou que os assassinatos foram cometidos "por esporte,
por soldados que tinham
apreço por haxixe e álcool".
As conclusões do jornal
são fruto da análise de relatórios oficiais e de entrevistas
com envolvidos nos casos.
Segundo o texto, as mortes
começaram a ser planejadas
em dezembro, após a chegada do sargento Calvin Gibbs,
25, ao pelotão. Ele é apontado como líder do chamado
"grupo de extermínio".
A primeira morte teria
ocorrido em 15 de janeiro.
O "Washington Post" relata que, nessa data, o civil afegão Gul Mudin andava na direção do pelotão quando um
soldado, Jeremy Morlock, 22,
atirou uma granada no chão
e fingiu estar sendo atacado.
Seus companheiros começaram a atirar. Mudin morreu.
O pelotão estava no local
para garantir a segurança
durante o encontro entre oficiais norte-americanos e anciãos de tribos afegãs.
Em conversa pelo Facebook, o soldado Adam Winfield relatou o assassinato a
seu pai, que procurou as autoridades militares dos EUA
para denunciar o caso. Segundo ele, os repetidos alertas foram ignorados.
Um sargento com quem
seu pai falou, segundo a reportagem, disse não poder
fazer nada a não ser que o
próprio soldado relatasse o
ocorrido a seus superiores.
OSSOS
Oito dias depois do aviso,
o pelotão teria assassinado
mais um civil, em 22 de fevereiro. Nessa ocasião, segundo relatos oficiais, o soldado
Michael Wagnon estava em
posse de um crânio -mas
não se sabe se pertencia a
uma das vítimas.
Os registros apontam o assassinato seguinte em 2 de
maio, com uma granada arremessada e tiros disparados
contra o clérigo afegão Mullah Adahdad.
Um dos acusados, nesse
caso, é o próprio Adam Winfield. O advogado da família
alega que o rapaz recebeu ordens de atirar no clérigo, mas
errou o disparo de propósito.
Os supostos envolvidos
nesse e nos demais assassinatos negam as denúncias,
por meio de advogados e familiares. Há também outros
sete acusados de crimes relacionados ao caso, incluindo
uso de haxixe e tentativas de
impedir as investigações.
O Exército norte-americano agendou a coleta de depoimentos pré-julgamento
para os próximos meses.
Há a preocupação, entre
militares, de que a investigação trará atenção ao caso,
deixando raivosos os civis
afegãos -cujo apoio é essencial na luta que o país trava
contra o Taleban.
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