São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2001

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BIOTERRORISMO

4 funcionários do jornal de NY estão sendo tratados com antibióticos; resultado sai hoje

Bactéria chega ao "Times" no Rio

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) informou ontem à noite que está analisando um envelope suspeito de conter a bactéria do antraz enviado ao correspondente do jornal "The New York Times" no Rio, Larry Rohter.
A direção do jornal mandou um e-mail para seus funcionários afirmando que o teste sobre a carta deu positivo para a presença de "esporos compatíveis com o antraz". Segundo o comunicado eletrônico, assinado por seis membros do comando do jornal nova-iorquino, o envelope foi postado em Nova York no dia 5 de outubro e despertou suspeitas do jornalista Larry Rohter por não trazer remetente.
A carta, recebida em 16 de outubro, teria sido entregue ainda fechada ao governo brasileiro, para exame.
A diretora de relações públicas do jornal, Kathy Park, confirmou à Folha que foram achados esporos na carta e que os quatro funcionários da sucursal, incluindo o correspondente e sua secretária, estão sendo tratados preventivamente com o antibiótico Cipro.
A Folha apurou junto a autoridades brasileiras que foi encontrada uma bactéria na carta e que há uma possibilidade de ser antraz. A identificação do microrganismo só deve sair hoje, disse a Funasa (Fundação Nacional da Saúde). O presidente da Fiocruz, Paulo Buss, negou que tenha divulgado qualquer resultado e não confirmou se foi encontrada bactéria no envelope.
As assessorias do Ministério da Saúde e a Funasa também não confirmaram se havia sido detectada presença de bactéria no envelope. A Polícia Federal disse não ter recebido nenhuma informação oficial sobre o caso.
Ainda segundo a assessoria da Funasa, três pessoas que entraram em contato com o envelope foram medicadas com antibióticos no Hospital São Sebastião, no Caju (zona portuária do Rio).
A Folha tentou entrar em contato com Rohter mas, até as 22h, ele não tinha sido localizado.

Carta em português
Ontem ainda, a direção do "The New York Times" anunciou que o resultado dos testes de 32 de seus funcionários em Nova York deu negativo para antraz. A redação havia recebido no dia 12 de outubro carta de conteúdo ameaçador com um pó marrom, endereçada à repórter Judith Miller, especialista em bioterrorismo.
No mesmo dia 12, uma carta escrita em português foi recebida pela redação do "The New York Times" na sede do jornal, na rua 43, no centro de Manhattan.
À Folha, Catherine Mathis, assessora de imprensa do jornal, só confirmou o recebimento do envelope, da carta escrita em português e seu conteúdo aparentemente ameaçador. Segundo ela, o FBI ainda investiga a origem, a autoria, se há substâncias tóxicas e mesmo se o português é de Portugal ou do Brasil.


Colaborou a Sucursal do Rio



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