|
Texto Anterior | Índice
CULTURA
Marvel lança HQ com super-heróis "ajudando" no resgate de vítimas do World Trade Center
Tragédia de NY vai aos quadrinhos
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Incrível Hulk, desconsolado,
segurando seu capacete de voluntário enquanto descansa de mais
uma jornada procurando sobreviventes nos escombros do World
Trade Center. O Capitão América,
outro super-herói dos quadrinhos, misturado aos heróis humanos nos trabalhos de resgate
das vítimas das torres gêmeas.
Alguns dos maiores nomes da
HQ americana estão reunidos em
"Heroes" (Heróis, em português),
revista ilustrada publicada pela
Marvel Comics que acaba de chegar às bancas e livrarias dos EUA
como um tributo artístico aos policiais, bombeiros e voluntários
envolvidos na tragédia do dia 11
de setembro, em Nova York.
"Heroes" foi lançada na última
quarta-feira numa edição inicial
de 100 mil cópias, a um preço de
capa de US$ 3,50. Todo o dinheiro
arrecadado com sua venda irá direto para o fundo de assistência às
famílias das vítimas do atentado
terrorista.
Entre os mais de cem artistas
convidados a desenhar e escrever
suas versões do que aconteceu depois que as torres gigantes do
World Trade Center desabaram
estão Frank Miller ("O Cavaleiro
das Trevas", com Batman) e Stan
Lee (criador de "X-Men" e "Homem-Aranha").
Alex Ross, celebrado autor da
Marvel e responsável pela arte de
"Super-Homem: Paz na Terra",
foi encarregado de ilustrar a impactante capa de "Heroes", que
mostra sob um cenário alaranjado um homem carregando nos
braços uma mulher ferida, vítima
do evento terrorista, com os escombros do WTC ao fundo.
Na parte inferior da capa, um
subtítulo: "Os maiores criadores
de super-heróis do mundo homenageiam os maiores heróis do
mundo - 11.9.2001".
Os personagens superpoderosos não aparecem em todo o livro-HQ. Os autores foram instruídos a evitar, se possível, que os
superpersonagens tirassem a
atenção dos "heróis da vida real"
que trabalharam no chamado
"ponto zero", segundo orientação
de Joe Qesada, redator-chefe da
Marvel.
A idéia de fazer "Heroes", de
acordo com Qesada, nasceu de
vários pedidos de leitores, que dizem que a Marvel "precisava fazer
alguma coisa".
Além de desenhos das mais
conceituadas assinaturas da HQ
americana, a publicação traz ainda textos, que acompanham algumas das ilustrações. O diretor de
cinema Kevin Smith ("Dogma"),
por exemplo, contribuiu com o
poema "A Hero's Thoughts" (Os
pensamentos de um herói).
Joe Qesada afirmou ao jornal
"The Washington Post" que "Heroes" foi concebida no dia 13 de
setembro, dois dias depois do ataque terrorista.
Assim que a idéia da revista se
espalhou no mundo da HQ, vários trabalhos chegaram ao escritório da Marvel, em Nova York,
até de artistas que não faziam parte do time de autores da famosa
editora. "Em uma semana, o livro
estava todo pronto", afirmou Qesada ao jornal.
O "The Washington Post" defendeu em seu artigo que a idéia
de levar as consequências do ataque terrorista do World Trade
Center aos quadrinhos só poderia
vir da Marvel, e não da DC Comics, outra renomada editora de
HQ e arqui-rival da empresa que
publicou "Heroes".
Os heróis da DC Comics, segundo o jornal, vivem em cidades fictícias, como Metropolis e Gotham
City, enquanto os superpersonagens da Marvel habitam o "mundo real", em que o prefeito de Nova York é mesmo Rudolph Giuliani, e George W. Bush, o presidente
dos Estados Unidos.
A Marvel Comics está vendendo
também uma caprichada litogravura com o Capitão América
(US$ 24,99) e destinando a toda
sua renda para a Cruz Vermelha
Internacional. No cartaz, o super-herói aparece cercado de outros
personagens, que comemoram o
aniversário de 225 anos de Independência dos EUA.
Texto Anterior: Folia e terror: Máscara de Bin Laden faz sucesso Índice
|