São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2001

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CULTURA

Marvel lança HQ com super-heróis "ajudando" no resgate de vítimas do World Trade Center

Tragédia de NY vai aos quadrinhos

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Incrível Hulk, desconsolado, segurando seu capacete de voluntário enquanto descansa de mais uma jornada procurando sobreviventes nos escombros do World Trade Center. O Capitão América, outro super-herói dos quadrinhos, misturado aos heróis humanos nos trabalhos de resgate das vítimas das torres gêmeas.
Alguns dos maiores nomes da HQ americana estão reunidos em "Heroes" (Heróis, em português), revista ilustrada publicada pela Marvel Comics que acaba de chegar às bancas e livrarias dos EUA como um tributo artístico aos policiais, bombeiros e voluntários envolvidos na tragédia do dia 11 de setembro, em Nova York.
"Heroes" foi lançada na última quarta-feira numa edição inicial de 100 mil cópias, a um preço de capa de US$ 3,50. Todo o dinheiro arrecadado com sua venda irá direto para o fundo de assistência às famílias das vítimas do atentado terrorista.
Entre os mais de cem artistas convidados a desenhar e escrever suas versões do que aconteceu depois que as torres gigantes do World Trade Center desabaram estão Frank Miller ("O Cavaleiro das Trevas", com Batman) e Stan Lee (criador de "X-Men" e "Homem-Aranha").
Alex Ross, celebrado autor da Marvel e responsável pela arte de "Super-Homem: Paz na Terra", foi encarregado de ilustrar a impactante capa de "Heroes", que mostra sob um cenário alaranjado um homem carregando nos braços uma mulher ferida, vítima do evento terrorista, com os escombros do WTC ao fundo.
Na parte inferior da capa, um subtítulo: "Os maiores criadores de super-heróis do mundo homenageiam os maiores heróis do mundo - 11.9.2001".
Os personagens superpoderosos não aparecem em todo o livro-HQ. Os autores foram instruídos a evitar, se possível, que os superpersonagens tirassem a atenção dos "heróis da vida real" que trabalharam no chamado "ponto zero", segundo orientação de Joe Qesada, redator-chefe da Marvel.
A idéia de fazer "Heroes", de acordo com Qesada, nasceu de vários pedidos de leitores, que dizem que a Marvel "precisava fazer alguma coisa".
Além de desenhos das mais conceituadas assinaturas da HQ americana, a publicação traz ainda textos, que acompanham algumas das ilustrações. O diretor de cinema Kevin Smith ("Dogma"), por exemplo, contribuiu com o poema "A Hero's Thoughts" (Os pensamentos de um herói).
Joe Qesada afirmou ao jornal "The Washington Post" que "Heroes" foi concebida no dia 13 de setembro, dois dias depois do ataque terrorista.
Assim que a idéia da revista se espalhou no mundo da HQ, vários trabalhos chegaram ao escritório da Marvel, em Nova York, até de artistas que não faziam parte do time de autores da famosa editora. "Em uma semana, o livro estava todo pronto", afirmou Qesada ao jornal.
O "The Washington Post" defendeu em seu artigo que a idéia de levar as consequências do ataque terrorista do World Trade Center aos quadrinhos só poderia vir da Marvel, e não da DC Comics, outra renomada editora de HQ e arqui-rival da empresa que publicou "Heroes".
Os heróis da DC Comics, segundo o jornal, vivem em cidades fictícias, como Metropolis e Gotham City, enquanto os superpersonagens da Marvel habitam o "mundo real", em que o prefeito de Nova York é mesmo Rudolph Giuliani, e George W. Bush, o presidente dos Estados Unidos.
A Marvel Comics está vendendo também uma caprichada litogravura com o Capitão América (US$ 24,99) e destinando a toda sua renda para a Cruz Vermelha Internacional. No cartaz, o super-herói aparece cercado de outros personagens, que comemoram o aniversário de 225 anos de Independência dos EUA.


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