São Paulo, terça-feira, 20 de outubro de 2009

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Irã ameaça punir americanos e britânicos

Teerã acusa EUA, Reino Unido e Paquistão de envolvimento em atentado que deixou 42 mortos anteontem; países negam

Entre as vítimas estão seis comandantes da Guarda Revolucionária; regime islâmico diz ter provas de elo entre potências e radicais


DA REDAÇÃO

Um dia após ataques terroristas que mataram seis de seus comandantes, a Guarda Revolucionária do Irã, mais poderosa força militar do país, afirmou que irá retaliar EUA e Reino Unido, que foram acusados juntamente com o Paquistão de apoio aos radicais responsabilizados pelo massacre.
O balanço de mortos chegou ontem a 42 pessoas, depois de várias horas de relatos conflitantes. Os atentados, os mais mortíferos em duas décadas no Irã, ocorreram na manhã de domingo, durante uma reunião de comandantes da guarda com líderes tribais da Província de Sistão e Baluquistão, perto da fronteira com o Paquistão.
As ameaças foram corroboradas pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. "Os mercenários da arrogância global devem saber que o sistema islâmico vai proteger (...) seu povo leal e punirá aqueles que violarem suas vidas e segurança", afirmou. O Irã em geral alude aos EUA quando usa o termo "arrogância global".
Já o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que os problemas atuais do Oriente Médio têm como raiz a presença estrangeira na região.
O grupo radical sunita Jundallah ("Soldados de Deus") confirmou sua responsabilidade no episódio ontem em um site islâmico. O grupo é formado por membros da etnia baluqui que lutam por autonomia e direitos dos sunitas no Irã, país majoritariamente xiita.
Washington, Londres e Islamabad negaram qualquer relação com o Jundallah ou com os atentados e condenaram veementemente os ataques. "Rejeitamos nos termos mais fortes qualquer sugestão de que esse atentado tem envolvimento britânico", disse ontem uma porta-voz da Chancelaria britânica. "Terrorismo é horrível onde quer que aconteça."
Mas o líder da Guarda Revolucionária, Ali Jafari, disse ter documentos indicando "laços diretos" entre o Jundallah e as inteligências americana, britânica e, "infelizmente, paquistanesa". "Nos bastidores [dos ataques] estão os aparatos de inteligência americano e britânico, e teremos de agir para puni-los", disse o general Jafari.
Ele ainda afirmou que o Jundollah e seu líder, Abdolmalek Rigi, estão "sem dúvida sob o guarda-chuva da proteção" de serviços dos EUA, do Reino Unido e do Paquistão.
As ameaças de retaliação ficaram restritas aos dois primeiros. Sobre o Paquistão, disse que uma delegação iraniana viajará em breve até o país para apresentar provas de envolvimento. Também exigiu que Islamabad entregue à Justiça iraniana os autores da matança.
"A negativa em entregar os terroristas não pode ser justificada. As autoridades paquistanesas devem responder pelo ocorrido", completou o ministro do Interior do Irã.

Com agências internacionais



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