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EUA e dólar cairão juntos, diz Chávez
Declaração em Teerã, ecoada pelo presidente iraniano Ahmadinejad, retoma tema de cúpula da Opep
Venezuela e Irã anunciam fábrica de alumínio e criação de banco e de fundo de investimento conjuntos no sétimo encontro desde 2005
Behrouz Mehri/France Presse
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Chávez é recebido por Ahmadnejad em Teerã
DA REDAÇÃO
Com juras de parceria eterna
e previsões sobre a queda do
império americano, cujo prelúdio seria o enfraquecimento do
dólar, os presidentes do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, e da
Venezuela, Hugo Chávez, fizeram ontem em Teerã mais uma
demonstração da aliança entre
os seus países e assinaram mais
quatro acordos de cooperação
bilateral, entre eles o da criação
de um banco e um fundo de investimentos comuns.
"Dentro de pouco tempo não
se vai mais falar em dólar. O dólar está caindo e com ele cairá,
graças a Deus, o imperialismo
dos EUA", afirmou Chávez. "Ficaremos um ao lado do outro
até o final, em defesa dos direitos de nossas nações e de nossos ideais", disse Ahmadinejad,
segundo a agência oficial iraniana Irna.
O encontro dos aliados anti-EUA em Teerã acontece um dia
depois da cúpula da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em Riad, na
Árabia Saudita, na qual Irã e
Venezuela defenderam menção ao enfraquecimento do dólar na declaração final e pregaram que o cartel deixe de usar a
moeda como referência.
O argumento dos dois é que a
queda do dólar contribui para a
alta do petróleo -que ronda
US$ 100 o barril-, mas os produtores não recebem o valor
justo por causa da desvalorização da moeda dos EUA, que
vem se acentuando desde o estouro da bolha imobiliária
americana, em julho. "Eles recebem nosso petróleo e nos dão
um papel que não vale nada",
disse Ahmadinejad em Riad.
A menção não entrou na declaração da Opep, mas Ahmadinejad e Chávez obtiveram uma
vitória: o tema tornou-se o
principal da reunião quando
vazaram discussões fechadas
em torno da desvalorização.
Diante da proposta do Irã e
da Venezuela, o chanceler da
Árabia Saudita, Saud al Faisal,
argumentou que a simples
menção à queda do dólar faria a
moeda despencar -declarações captadas pela imprensa.
Ao final da cúpula, a Opep
criou um grupo de estudo sobre
a questão, formado pelos ministros da Economia do cartel,
que deve se reunir em breve.
Segundo análise do jornal
"Financial Times", a proposta
de deixar de cotizar o petróleo
em dólar é pouco factível para a
Opep. O cartel teria de voltar a
fixar o preço, política que abandonou nos anos 80.
Mas o debate do tema, diz o
jornal econômico britânico, é
sinal de dois movimentos: "Os
países tentarão manter o preço
do produto acima das perdas do
dólar e buscarão mudar a moeda de suas reservas".
Banco e fundo
A visita de ontem foi a quarta
de Hugo Chávez a Teerã desde
2005 -o iraniano já foi a Caracas três vezes. Segundo o governo venezuelano, os dois países
já assinaram 186 acordos bilaterais, sem somar os de ontem.
As cifras envolvidas são incertas e, usualmente, não há
detalhes dos acordos. Já há vários projetos implementados
na Venezuela, como fábricas de
tratores e de laticínios, e outros
em curso.
Ontem, a lista foi ampliada
com a assinatura de um memorando de entendimento para a
fundação de um banco e de um
fundo de investimentos bilaterais, além de um acordo industrial que permitirá, segundo a
Venezuela, a construção de
uma fábrica de alumínio, ferro
e plástico no país de Chávez.
O presidente venezuelano
tem defendido as atividades
nucleares do Irã, alvo de sanções do Conselho de Segurança
da ONU, que exige que Teerã
suspenda seu programa de
enriquecimento de urânio (que
pode ser usado como combustível tanto para usinas de energia quanto para bombas).
O Irã argumenta que o programa tem fins pacíficos e que,
como signatário do Tratado de
Não-Proliferação, tem o direito
a produzir combustível nuclear
(como o Brasil, por exemplo,
faz). Mas não tem repassado todas as informações requeridas
pela AIEA, a agência nuclear
das Nações Unidas.
Com agências internacionais
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