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Chávez tenta reverter derrota em Carabobo
Candidato do presidente deve perder governo do terceiro maior Estado venezuelano para ex-governador de oposição
Orientação aos militantes governistas é a de "bater até na mãe" dos opositores nas eleições deste domingo;
acusações prosseguem
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Tentando recuperar terreno,
a oposição ao presidente Hugo
Chávez deve conquistar neste
domingo o governo do importante Estado de Carabobo, onde o oficialismo é representado
por Mario Silva, um controvertido apresentador de TV.
A maioria das pesquisas de
opinião tem dado como certa a
vitória do ex-governador Henrique Fernando Salas Feo, 47,
conhecido como "o frango".
Também está na disputa o impopular e excêntrico governador Carlos Acosta Carlez, que
deixou o chavismo neste ano.
O terceiro Estado mais populoso do país foi uma das prioridades de Chávez nas últimas
semanas. No início deste mês,
chamou Salas Feo de "franguinho pitiyankee" e disse que, "se
permitirem que a oligarquia
volte ao governo, vou acabar
usando os tanques da Brigada
Blindada para defender o governo revolucionário e o povo".
Em outro episódio que acirrou os ânimos em Carabobo,
forças policiais prenderam na
semana passada o candidato
oposicionista à Prefeitura de
Valencia (capital) Aldala Makled, acusado de narcotráfico.
Ele nega as acusações e se diz
vítima de perseguição política.
A presença constante de
Chávez, no entanto, não tem
dado resultado. Um motivo é a
enorme impopularidade de
Acosta Carlez, famoso no país
por medidas pouco ortodoxas
-no ano passado, por exemplo,
espalhou pelo Estado cartazes
com mulheres de biquíni e a
frase "incitar o sexo gera violações" para tentar diminuir os
índices de estupro.
Mario Silva tampouco é um
candidato fácil. O seu programa
no canal estatal VTV, "A Gilete", é famoso por insultos diários a oposicionistas e pelas
constantes denúncias de golpe
de Estado e de magnicídio.
Como a maioria dos demais
candidatos da oposição, Salas
Feo tem evitado criticar diretamente Chávez -na semana
passada, prometeu "respeito" e
"relações cordiais".
Na campanha, sua principal
bandeira tem sido a segurança
pública -Carabobo é o Estado
mais violento de um país que,
segundo pesquisas, considera
este seu maior problema.
"Os delinqüentes têm três
opções: enfrentar os corpos policiais -e, se enfrentam, terão
de dormir para sempre em solo
carabobenho. Poderiam decidir se mudar de Estado ou a terceira é que mudem de profissão", é uma das frases de campanha mais repetidas pelo candidato oposicionista.
"Até na mãe"
Em discurso anteontem,
Chávez exortou seus militantes
a "bater até na mãe" dos opositores nas eleições regionais de
domingo. Ele voltou a ameaçar
o governador de Zulia e candidato a prefeito de Maracaibo,
Manuel Rosales, de prisão.
"É preciso dar até na mãe para que não continuem manipulando o povo. Vamos seguir encurralando-os em todo o país.
Vamos lançar a operação encurrulamento, sem clemência
(...) para que saibam de que os
revolucionários somos capazes", afirmou, em Caracas.
Sobre Rosales, seu principal
adversário nas eleições presidenciais de 2006, Chávez disse
que "ele é um verdadeiro líder
criminoso" e que ordenou a policiais que o vigiem. "Sei que ele
está planejando voar e fugir do
país, porque esse bandido tem
de ir à prisão. Ladrão!", gritou.
As eleições deste domingo
renovarão 23 dos 24 governos
estaduais e a maioria das prefeituras. Pesquisas mostram
que a oposição deve levar ao
menos seis Estados -há quatro
anos, obteve dois.
Chávez considera a vitória
neste domingo crucial para relançar no ano que vem um referendo sobre a reeleição presidencial indefinida, proposta
derrotada em consulta popular
no ano passado.
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