São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

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Suspeitos de roubar bebês na Argentina farão teste de DNA

Lei fornecerá instrumentos para a identificação de crianças que foram apropriadas pela ditadura militar

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

O Congresso argentino aprovou anteontem uma lei que autoriza a Justiça a determinar exames compulsórios de DNA em casos de suspeita de crime contra a humanidade.
O projeto era uma bandeira da associação Avós da Praça de Maio, que tem nos testes de DNA um instrumento para identificar crianças apropriadas pela última ditadura militar argentina (1973-1986).
Até hoje, nove filhos de desaparecidos políticos foram identificados com testes de DNA. O debate sobre o atrito que a questão provoca entre direitos pessoais e o direito à verdade foi reaceso no Senado, que aprovou o texto por 57 votos a favor e um contra.
A tramitação do projeto foi questionada pela líder opositora Elisa Carrió, que vê na iniciativa intenção do governo de atingir a dona do Grupo Clarín, Ernestina Herrera de Noble.
A empresária tem dois filhos adotivos. As Avós da Praça de Maio suspeitam que os pais biológicos dos filhos de Herrera De Noble tenham sido vítimas da ditadura militar.
A lei, aprovada com o voto da bancada governista, serviria para obrigar os filhos de Herrera De Noble a confrontar seus exames de DNA com os registros de todos os pais cujos filhos são procurados pelas Avós.
Principal conglomerado de mídia argentino, o Clarín adota desde 2008 tom crítico ao governo Cristina Kirchner, a quem acusa de promover uma série de ações para lesá-lo.
Investigações sobre o regime militar indicam que, num de seus principais centros de detenção em Buenos Aires, funcionava uma maternidade clandestina. As presas políticas que davam à luz na carceragem foram assassinadas, e seus filhos, adotados ilegalmente por militares ou simpatizantes.


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