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Prefeito de Buenos Aires critica Casa Rosada
"É evidente que querem tudo, mas não podem comprar todos", diz Mauricio Macri dirigindo-se aos Kirchner
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
Acuado pelo escândalo de um
esquema de grampos ilegais
promovido pela chefia da polícia municipal, o prefeito de
Buenos Aires, Mauricio Macri,
partiu ontem para o contra-ataque e mirou a Casa Rosada.
"Vocês não vão nos deter. É
evidente que querem tudo. Mas
não podem comprar todos. Não
vão poder conosco", disse Macri, dirigindo-se "ao casal presidencial [a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e seu
marido, o ex-presidente Néstor
Kirchner]", durante entrevista
coletiva, em Buenos Aires.
De perfil conservador, Macri
é um adversário político do
kirchnerismo e tem pretensões
de chegar à Presidência.
Como a segurança pública é
uma das principais preocupações da população argentina,
um eventual êxito da recém-criada polícia da capital poderia alavancar sua campanha para a eleição de 2011.
O elo entre o escândalo e a
disputa eleitoral foi assinalado
pelo prefeito. "Assumimos o
desafio inédito de construir
uma polícia do zero. Uma nova
polícia, com outros valores, outros equipamentos, outro profissionalismo. Isso vai contra
muitos interesses em torno da
segurança pública", disse.
Pela manhã, o chefe de gabinete de Cristina sugeriu que
Macri deveria deixar o cargo, ao
afirmar que "por muito menos,
[o presidente dos EUA] Richard Nixon renunciou".
Em resposta a Fernández,
Macri acusou o governo federal
de corrupção e citou o impeachment do presidente brasileiro Fernando Collor de Mello (1990-1992), que hoje é senador pelo Estado de Alagoas.
"Por 10% dos casos de corrupção que eles têm [no governo
federal] tiraram [da Presidência do Brasil Fernando] Collor
de Mello".
O chefe de gabinete de Cristina treplicou, dizendo que "Macri toma a todos por idiotas".
A investigação sobre os
grampos ilegais levou à prisão
de Jorge Palacios na terça passada. Ele havia sido designado
pelo prefeito como chefe da Polícia Municipal e deixou o cargo
no início do escândalo.
O substituto de Palacios, Osvaldo Chamorro, que era seu
sócio numa empresa privada de
segurança, foi demitido na última terça, sob suspeita de participação no esquema.
Os dois são acusados de espionar políticos e empresários.
O juiz do caso chegou a suspeitar que o casal presidencial tivesse sido espionado, mas a hipótese foi descartada.
Macri decidiu manter no cargo seu secretário de Segurança
e Justiça e afirmou que a polícia
"sairá às ruas", com 800 agentes "antes do final do ano, apesar das dificuldades".
"O objetivo é reduzir os medos e as angústias que todos nós
temos. Quando nossos filhos
vão a um show, não sabemos se
vão voltar sãos e salvos", disse,
referindo-se ao episódio de um
jovem que entrou em coma
nesta semana, após ser atacado
na saída de um show.
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