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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Ataque contra chefe da administração americana, no último dia 6, ocorreu durante visita de Rumsfeld

Bremer sofreu tentativa de assassinato

DA REDAÇÃO

A principal autoridade americana no Iraque sofreu uma tentativa de assassinato no dia em que recebia o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, em Bagdá. Ontem, o chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, Paul Bremer, admitiu que insurgentes tentaram matá-lo no último dia 6.
Segundo o diplomata americano que governa o Iraque, uma bomba explodiu em uma estrada próxima ao aeroporto da capital no momento em que passava o comboio em que ele estava. Em seguida, insurgentes atacaram com armas de fogo. Ninguém no comboio foi ferido.
"Como vocês podem ver, deu errado", disse Bremer a jornalistas em Basra (sul) ao confirmar a informação divulgada anteontem pela TV americana NBC.
Segundo o porta-voz da APC, Dan Senor, não há provas de que houvesse um plano elaborado por trás da tentativa. Senor disse que a viagem não foi planejada e usou uma rota na qual ataques contra as forças dos EUA são comuns.
No último dia 26 de outubro, o hotel Al Rashid, em Bagdá, foi atacado por mísseis enquanto Paul Wolfowitz, vice-secretário da Defesa e um dos principais arquitetos da guerra, estava no local.
Militares americanos e iraquianos que colaboram com a ocupação são alvos frequentes da isurgência. Mas essa pode ter sido a primeira ação contra Bremer.
"Provavelmente foi um ataque aleatório", disse Senor, acrescentando que o incidente não alterou a rotina do diplomata. "Esses ataques acontecem aqui o tempo todo, e calhou de ele estar passando pela estrada naquele momento."
O canal de TV americano ABC divulgou uma reportagem na qual afirma que há simpatizantes do ex-ditador Saddam Hussein infiltrados nas forças de segurança iraquiana, o que lhes facilitaria o acesso a informações sobre a movimentação da coalizão.
Sem revelar nomes, o canal citou fontes dentro do Pentágono que teriam analisado os documentos encontrados com o ex-ditador no momento de sua captura, no último sábado.

Alvos xiitas
Apesar da redução dos ataques a soldados americanos, atentados contra os iraquianos alinhados aos EUA se tornaram comuns nas últimas semanas -sobretudo contra policiais e políticos xiitas.
Anteontem, um integrante do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, maior grupo político xiita no país, foi assassinado em Bagdá. Ontem, uma bomba explodiu em um prédio na capital que pertence ao grupo.
O edifício, parcialmente ocupado por famílias sem-teto, foi destruído. Uma mulher morreu, e sete pessoas foram feridas.
O conselho atribui os atentados a membros do regime deposto, sunitas privilegiados pelo regime de Saddam Hussein, também sunita, em detrimento da maioria xiita. Também ontem, atiradores abriram fogo contra a sede do Alto Comissariado da ONU para Refugiados em Mossul (norte). O local está vazio desde setembro, quando a ONU retirou seus funcionários estrangeiros do país após sofrer dois atentados com um total de 24 vítimas.
A ONU deve decidir em uma reunião no próximo dia 15 seu papel na transição iraquiana. A APC pretende passar o poder aos iraquianos em 1º de julho.


Com agências internacionais

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