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ARTIGO
Síndrome anti-China no governo Bush
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Entre especialistas, concluiu um
trabalho do jornalista Ritt Goldstein, fala-se numa síndrome antichinesa do governo Bush. No
"Asia-Pacific Center for Security
Studies", publicação do Exército
americano, saiu artigo dizendo
que, "antes do 11 de Setembro, se
encaminhavam para um confronto as relações entre os países mais
poderoso e mais populoso do
mundo", EUA e China. Os falcões
aproveitaram o incidente em 2001
com um avião espião dos EUA em
mãos dos chineses para impulsionar um acerto de contas.
Desde 1997, agrupados em seus
"think tanks", como o Project for
a New American Century
(PNAC), neoconservadores já
marcavam a China como o novo
alvo. Dos fundadores do PNAC,
40% estão ou estiveram no governo Bush, como Cheney e Rumsfeld. Os desafios representados
pela China são temas da "Weekly
Standard", de leitura obrigatória
na Casa Branca. O apoio chinês
aos países pobres em Cancún
criou em Washington a expectativa de uma estratégia hostil com
dupla cara -aliança com o "sul"
e avanços tecnológicos. A China
já envia homens ao espaço.
O petróleo é um elemento-chave. A posse de reservas do arquipélago Spratly, no mar da China,
pode acabar sendo uma das causas maiores de um conflito. As
disputas (China, Vietnã, Filipinas
e Taiwan) envolvendo essas ilhas
"impedem que a região seja explorada", alertou em 2002 a "Alexanders Gas and Oil Connections". A possibilidade de que elas
se tornem "outro golfo Pérsico"
consta de documento da "USA
Energy Information Administration" de 2002. A China é o terceiro
maior consumidor de petróleo do
mundo e depende de importações maciças de energia.
É vital o petróleo de Spratly. Sessenta por cento das importações
vinham do golfo Pérsico, sobretudo do Iraque, hoje em mãos dos
americanos. Em março, o "Toronto Star" deu a equação completa. Os EUA "passam a controlar o golfo Pérsico a partir da ocupação de um pais estratégico, o
Iraque". Com isso "terão mais poder em seu confronto com a China e a Rússia". É citado o analista
militar Michael Klare, segundo o
qual governo Bush está convencido de que o binômio petróleo e
poder militar garantirá a supremacia americana nos próximos
anos. Um dos fundadores do
"think tank", Aaron Friedberg
chegou a dar como inevitável um
confronto com a China.
O próprio Bush, na condição de
candidato, declarou que a China
"é concorrente e não parceiro estratégico". No momento as operações são de "contenção" da China por meio de alianças regionais.
Newton Carlos é jornalista e analista de
questões internacionais
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