São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

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RÚSSIA

Principal unidade da petrolífera é leiloada pelo governo, mas empresa recorrerá

Firma desconhecida leva a Yukos

DA REDAÇÃO

O governo russo vendeu ontem a principal extratora de petróleo do grupo Yukos para uma empresa até então desconhecida, a Baikal Finance Group. A empresa tem 14 dias para pagar US$ 9,3 bilhões por 76,79% das ações da companhia.
O resultado surpreendeu analistas, já que a empresa sequer estava registrada para participar do leilão de parte dos ativos que pertenciam ao empresário Mikhail Khodorkovsky, que está sendo processado pelo governo por fraude e evasão fiscal.
Tão logo o resultado foi anunciado, investidores passaram a especular sobre a origem da empresa. A maioria acredita que a gigante estatal Gazprom, que estava registrada para participar do leilão mas não fez proposta de compra, esteja por trás da Baikal.
A empresa poderia também estar ligada diretamente ao governo, que teria recorrido a uma companhia "fantasma" para evitar que a Gazprom se visse envolvida em problemas legais.
O porta-voz da Yukos já anunciou que a empresa não reconhece a venda e que irá recorrer à Justiça. "Aqueles que estão por trás do vencedor sujeitam seus negócios a sérios riscos legais", afirmou o porta-voz.
A última tentativa da Yokus para evitar o leilão foi apelar para a Justiça norte-americana. A empresa conseguiu entrar com pedido de concordata em uma corte do Texas. A juíza que aceitou o pedido da empresa ordenou que a venda fosse cancelada.
A decisão criou problemas para a Gazprom, que contava com financiamento de bancos internacionais para fazer sua oferta. Com a decisão judicial, os bancos congelaram as operações financeiras.
Segundo analistas, o "aparecimento" de um novo comprador, desconhecido, seria a maneira ideal de o governo russo contornar o problema e, ao mesmo tempo, evitar que a estatal Gazprom ficasse vulnerável a processos em cortes internacionais.
A unidade de petróleo da Yokus extrai o equivalente a 2% do petróleo produzido no mundo, produção similar ao de todo o Qatar, país membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). A venda da unidade é o primeiro passo de desmantelamento do grupo Yokus que, para alguns, tem sido perseguido pelo governo russo por conta das ambições políticas do dono da companhia, Mikhail Khodorkovsky.


Com agências internacionais


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