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Seis palestinos são mortos e nova trégua é anunciada
Sob espectro da guerra civil, Fatah e Hamas decretam segundo cessar-fogo em três dias
Dia teve batalhas campais
que feriram cinco crianças;
primeiro-ministro acusa
presidente de colaborar com
boicote liderado pelos EUA
DA REDAÇÃO
Novos confrontos deixaram
seis mortos na faixa de Gaza,
enterrando de vez a frágil trégua decretada no domingo entre as duas principais facções
palestinas. Num cenário que
cada vez mais se assemelhava a
uma guerra civil, chefes da segurança do Hamas e do Fatah
anunciaram na noite de ontem
ter ordenado a retirada de suas
milícias das ruas de Gaza, em
nova tentativa de estabelecer
um cessar-fogo, desta vez mediada pelo Egito. A anterior durou pouco mais de 24 horas.
Pouco antes de a segunda
trégua em três dias entrar em
vigor, o premiê Ismail Haniyeh,
do grupo fundamentalista Hamas, acusou o presidente Mahmoud Abbas, líder do secular
Fatah, de colaborar com o boicote internacional que isolou o
governo palestino.
Até o novo cessar-fogo, o dia
de ontem em Gaza reforçou os
temores de que uma guerra civil, se ainda não começara, era
iminente. Membros das forças
de segurança do Hamas e do
Fatah se enfrentaram nas ruas
em longos tiroteios, que terminaram com quatro mortos e
cinco crianças feridas por balas
perdidas. Os corpos de dois seguranças de Abbas foram achados com sinais de execução.
"Golpe"
A violência interna, a pior da
história palestina, sofreu uma
escalada depois que Abbas, no
sábado, disse que convocaria
eleições legislativas e presidenciais antecipadas, numa tentativa de romper meses de impasse político. O Hamas, que conquistou o governo nas eleições
de janeiro, classificou a iniciativa de "golpe" e prometeu boicotar as eleições, caso ocorram.
Em pronunciamento transmitido pela TV, Haniyeh responsabilizou o presidente e a
comunidade internacional pela
crise institucional na Cisjordânia e em Gaza e pediu que os
palestinos deixem de brigar entre si e se concentrem na luta
contra "a ocupação israelense".
"Esta nação, este povo, ficará
unido diante da ocupação e da
agressão e não se enfrentará,
apesar das feridas do últimos
dias, em brigas internas", disse
o premiê. Haniyeh reiterou que
o movimento islâmico não
aceitará a antecipação das eleições e acusou os EUA de articular um plano para derrubar seu
governo.
Na Cidade de Gaza, civis tiveram que buscar abrigo das batalhas campais entre Fatah e
Hamas, que incluíram até lança-granadas. Muitas lojas e escritórios tiveram que fechar.
"Isso é uma loucura", disse o taxista Adel Mohammad Ali, 40.
"As ruas estão divididas entre
homens armados do Hamas e
do Fatah. E nunca se sabe quem
é quem."
O mais novo cessar-fogo,
anunciado em conjunto por
membros dos dois grupos, estabelece que os "homens armados" deixem as ruas de Gaza, e
que as forças de seguranças do
Fatah e do Hamas retornem às
posições que mantinham antes
da escalada atual. O acordo
também determina a libertação
de todos os reféns tomados pelas milícias rivais.
"Abençoamos e apoiamos este acordo", disse o presidente
Abbas, anunciando que a trégua entraria em vigor às 23h de
ontem (19h de Brasília). "Esperamos que todos cumpram o
acordo."
O premiê Haniyeh também
foi a público manifestar seu
apoio ao cessar-fogo.
Na Cisjordânia, onde também houve episódios de violência entre o Fatah e o Hamas,
tropas israelenses mataram
uma palestina de 13 anos, que
pensaram ser um miliciano que
tentava entrar em Israel. Fontes palestinas anunciaram ontem que está sendo preparado
um encontro entre Abbas e o
premiê de Israel, Ehud Olmert.
Ainda não foi definida a data.
Diante do desgoverno crescente, a preocupação internacional era a de conter a violência antes que ela ganhasse proporções regionais. "Esperamos
que realmente haja um cessar-fogo. Isso é o mais importante",
disse a secretária de Estado dos
EUA, Condoleezza Rice.
Com agências internacionais
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