São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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ONU pede que ação de Israel seja julgada

Secretário-geral se diz "chocado" por bombardeio de prédios do órgão em Gaza e chama de "inaceitáveis" foguetes do Hamas

França admite possível diálogo com grupo islâmico; governos árabes não se acertam sobre fundo pela reconstrução do território


Suhaib Salem/Reuters
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fala em Gaza diante de prédio do organismo atingido pelas forças israelenses; ele cobrou uma investigação pelos ataques

DA REDAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ontem em visita a Gaza que a situação no território, após três semanas de ataques israelenses, é "de partir o coração" e exigiu que sejam julgados os responsáveis pelo bombardeio dos prédios locais das Nações Unidas.
Foi a primeira visita de uma autoridade estrangeira a Gaza desde que o Hamas, vencedor das eleições legislativas palestinas de 2006, expulsou da região os rivais do Fatah, que controlam a Autoridade Nacional Palestina e são o interlocutor aceito por Israel, EUA e pela própria ONU.
"Deve haver uma investigação exaustiva, uma explicação completa que garanta que isso nunca mais voltará a acontecer. Os responsáveis devem prestar contas diante das instâncias judiciais", disse Ban, em entrevista coletiva, a respeito dos ataques de Israel que alvejaram instalações da ONU em Gaza.
O secretário-geral, que se disse "chocado" e "escandalizado", pediu um minuto de silêncio pelas vítimas do bombardeio israelense contra uma escola da ONU em Jabaliya, na qual 40 palestinos morreram.
O total de mortos em Gaza na ofensiva é estimado em pelo menos 1.314. Do lado israelense, foram 13 mortos, sendo 10 soldados.
As declarações de Ban foram feitas depois que ele percorreu a faixa de Gaza, onde o cenário é de terra arrasada. Avalia-se em U$ 2 bilhões o valor necessário para a reconstrução de Gaza. Os países árabes haviam se comprometido a criar um fundo para o território, mas os líderes da região encerraram ontem uma cúpula no Kuait sem acordo sobre o projeto.
Ban, que não se encontrou com nenhum membro do Hamas, também criticou o grupo. "O lançamento de foguetes contra Israel também é totalmente inaceitável", disse o secretário-geral em visita ontem à cidade israelense de Sderot, a mais atingida pelos disparos.
O Hamas voltou a se declarar vencedor da batalha com Israel, que ontem bombardeou, apesar da trégua, uma base de lançamento de mísseis do grupo islâmico.
Não estava claro, até o fechamento desta edição, se Israel havia retirado todos os seus soldados de Gaza antes da posse de Barack Obama nos EUA, conforme haviam sugerido na véspera fontes israelenses.
Em meio a manobras diplomáticas em busca de um acordo de paz duradouro, a França insinuou ontem que poderia dialogar com o Hamas sem que o grupo passasse a reconhecer a existência de Israel.

Armas proibidas
Fontes militares israelenses citadas ontem pelo jornal "Maariv" admitiram ter usado bombas de fósforo branco na ofensiva -o uso do material em áreas urbanas civis contraria as leis internacionais de guerra.
Israel no entanto negou ontem acusações apresentadas pelos países árabes à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de que teria usado uma munição com urânio empobrecido, um material potencialmente cancerígeno que aumenta a eficiência e a penetração das bombas e projéteis.


Com agências internacionais


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