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ONU pede que ação de Israel seja julgada
Secretário-geral se diz "chocado" por bombardeio de prédios do órgão em Gaza e chama de "inaceitáveis" foguetes do Hamas
França admite possível diálogo com grupo islâmico; governos árabes não se acertam sobre fundo pela reconstrução do território
Suhaib Salem/Reuters
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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fala em Gaza diante de prédio do organismo atingido pelas forças israelenses; ele cobrou uma investigação pelos ataques
DA REDAÇÃO
O secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, disse ontem em
visita a Gaza que a situação no
território, após três semanas de
ataques israelenses, é "de partir
o coração" e exigiu que sejam
julgados os responsáveis pelo
bombardeio dos prédios locais
das Nações Unidas.
Foi a primeira visita de uma
autoridade estrangeira a Gaza
desde que o Hamas, vencedor
das eleições legislativas palestinas de 2006, expulsou da região
os rivais do Fatah, que controlam a Autoridade Nacional Palestina e são o interlocutor
aceito por Israel, EUA e pela
própria ONU.
"Deve haver uma investigação exaustiva, uma explicação
completa que garanta que isso
nunca mais voltará a acontecer.
Os responsáveis devem prestar
contas diante das instâncias judiciais", disse Ban, em entrevista coletiva, a respeito dos ataques de Israel que alvejaram
instalações da ONU em Gaza.
O secretário-geral, que se
disse "chocado" e "escandalizado", pediu um minuto de silêncio pelas vítimas do bombardeio israelense contra uma escola da ONU em Jabaliya, na
qual 40 palestinos morreram.
O total de mortos em Gaza na
ofensiva é estimado em pelo
menos 1.314. Do lado israelense, foram 13 mortos, sendo 10
soldados.
As declarações de Ban foram
feitas depois que ele percorreu
a faixa de Gaza, onde o cenário
é de terra arrasada. Avalia-se
em U$ 2 bilhões o valor necessário para a reconstrução de
Gaza. Os países árabes haviam
se comprometido a criar um
fundo para o território, mas os
líderes da região encerraram
ontem uma cúpula no Kuait
sem acordo sobre o projeto.
Ban, que não se encontrou
com nenhum membro do Hamas, também criticou o grupo.
"O lançamento de foguetes
contra Israel também é totalmente inaceitável", disse o secretário-geral em visita ontem
à cidade israelense de Sderot, a
mais atingida pelos disparos.
O Hamas voltou a se declarar
vencedor da batalha com Israel, que ontem bombardeou,
apesar da trégua, uma base de
lançamento de mísseis do grupo islâmico.
Não estava claro, até o fechamento desta edição, se Israel
havia retirado todos os seus
soldados de Gaza antes da posse de Barack Obama nos EUA,
conforme haviam sugerido na
véspera fontes israelenses.
Em meio a manobras diplomáticas em busca de um acordo
de paz duradouro, a França insinuou ontem que poderia dialogar com o Hamas sem que o
grupo passasse a reconhecer a
existência de Israel.
Armas proibidas
Fontes militares israelenses
citadas ontem pelo jornal
"Maariv" admitiram ter usado
bombas de fósforo branco na
ofensiva -o uso do material em
áreas urbanas civis contraria as
leis internacionais de guerra.
Israel no entanto negou ontem acusações apresentadas
pelos países árabes à Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA) de que teria usado
uma munição com urânio empobrecido, um material potencialmente cancerígeno que aumenta a eficiência e a penetração das bombas e projéteis.
Com agências internacionais
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