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Polícia reprime protesto de estudantes em Caracas
No sábado, Chávez havia determinado "jogar gás do bom e meter presos" manifestantes
Manifestações são contra a reeleição ilimitada; reunião de partido oposicionista e universidade também foram alvo de chavistas
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Sob a alegação de que não tinham autorização, o governo
Hugo Chávez dissolveu ontem
uma marcha estudantil no centro de Caracas com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Foi o mais grave de vários incidentes registrados desde sábado, quando o mandatário venezuelano lançou oficialmente a
campanha pela reeleição indefinida ordenando "jogar gás do
bom e meter preso" em caso de
distúrbios de oposicionistas.
Os estudantes pretendiam
marchar desde a praça Morelos
até a sede do Tribunal Supremo
de Justiça (TSJ), mas o ministro do Interior, Tareq El Aissami, proibiu a manifestação. Segundo ele, o movimento tem
uma "agenda de confrontação e
violência". Ele afirmou que
houve apreensão de gasolina e
de coquetéis molotov com os
estudantes.
Também na região central,
uma reunião do partido político oposicionista Bandeira Vermelha foi atacado ontem com
gás lacrimogêneo por partidários da agremiação chavista
Unidade Popular Venezuelana
(UPV), que até o final da edição
de ontem ocupava o edifício.
No campus da Universidade
Central da Venezuela (UCV), a
poucos quilômetros do centro,
motoqueiros jogaram bombas
de gás lacrimogêneo pelo segundo dia consecutivo, desta
vez contra o prédio da reitoria.
Anteontem, o alvo foi uma entrevista coletiva do líder estudantil Ricardo Sánchez, que no
domingo teve o seu carro incendiado, também dentro da
área da universidade.
Anteontem, cinco bombas de
gás lacrimogêneo foram jogadas contra a representação do
Vaticano (Nunciatura Apostólica), em Caracas. O atentado
foi assumido pelo grupo paramilitar pró-chavista "La Piedrita". Quase ao mesmo tempo,
um ataque semelhante foi registrado na casa do presidente
do canal oposicionista RCTV,
Marcel Granier, que atribuiu a
onda "aos discursos violentos
de Chávez".
No final da tarde, durante ato
de campanha, Chávez acusou
os estudantes de tentar "incendiar a Venezuela": "Convido a
todo o povo que saia às ruas para defender a pátria dos violentos, dos sabotadores, dos incendiários e dos baderneiros".
A governo distrital de Caracas, reconquistado pela oposição nas eleições de dezembro,
também tem sido alvo de grupos chavistas. Na madrugada
de sábado, o prédio principal,
localizado na praça Bolívar
(centro), foi atacado a tiros e
desde então está fechado.
Acima da entrada do prédio
quase todo pichado com palavras de ordem contra o governador Antonio Ledezma, lê-se,
em letras vermelhas: "Somos
maus perdedores".
Na rua lateral, de movimentado comércio popular, um
prédio do governo distrital foi
tomado por militantes chavistas. Durante visita da reportagem da Folha, anteontem, um
deles estava postado diante da
entrada com uma pistola enfiada no cinto. Ninguém quis conceder entrevista.
A Polícia Metropolitana, que
no ano passado foi transferida
do governo distrital de Caracas
ao Ministério do Interior, não
assegurou a reabertura do prédio central nem tem agido para
retomar edifícios invadidos.
Ao lançar oficialmente a
campanha pelo "sim", no sábado, Chávez ordenou "ao ministro da Defesa, ministro do Interior e aos chefes da polícia: a
partir deste momento, quem
sair a queimar um carro, a
queimar árvores, a fechar uma
rua, me joguem gás do bom, e
os metam presos".
No dia 15 de fevereiro, os venezuelanos irão às urnas para
votar num referendo sobre a
emenda constitucional que, se
aprovada, permitirá a Chávez
concorrer novamente à Presidência, em 2012. Em dezembro
de 2007, uma proposta semelhante foi derrotada em consulta popular.
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