|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HAITI EM RUÍNAS
Minustah festeja ausência de tiros
Atual contingente do Brasil disparou só uma vez em seis meses, contra 48 mil em período equivalente em 2006
Cenário não mudou após terremoto, no que é visto como indício de que sismo não acabou com os esforços de pacificação do Haiti
DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE
Há cerca de seis meses no
Haiti, o 11º primeiro contingente do Batalhão de Infantaria de
Forças de Paz do Brasil no
(Brabatt, na sigla em inglês)
disparou apenas um tiro -que
foi acidental- de arma letal.
Em contraste, de junho a dezembro de 2006, quando os militares enfrentavam gangues na
favela de Bel Air, no centro de
Porto Príncipe, foram mais de
48 mil disparos, segundo registros oficiais.
A ausência de tiros em confrontos mesmo depois do terremoto que arrasou a capital haitiana, há nove dias, é o principal
indício apontado pelos militares brasileiros de que a segurança pública em Porto Príncipe avançou significativamente
desde que começou a missão
das Nações Unidas no Haiti, em
meados de 2004. Apesar do alto
número de disparos nos primeiros anos, não há registro do
número de haitianos mortos
em combate com brasileiros.
"O batalhão, em períodos anteriores, pacificou regiões como Bel Air, Cité Militaire e Cité
Soleil, utilizando a força necessária, o que propiciou que não
usássemos munição letal após
o terremoto", afirma o coronel
Alan Sampaio Santos, chefe da
comunicação social.
Desde o terremoto, há registros de vários enfrentamentos
entre polícia haitiana e pessoas
que tentam recuperar produtos
e alimentos, principalmente na
região central da cidade, com
um saldo de ao menos três
mortos. A Minustah admite o
problema, mas afirma que se
restringe praticamente à área
central da capital.
Desde 2006, os disparos com
balas letais vêm caindo vertiginosamente. O décimo contingente, por exemplo, que atuou
de dezembro de 2008 a junho
passado, disparou nove vezes.
Por outro lado, os brasileiros
passaram a empregar mais armas não letais, como gás de pimenta e balas de borracha. Mas
até esse uso está caindo: foram
17 vezes no atual contingente,
contra cerca de 300 no batalhão anterior. Pelas regras de
engajamento da ONU, os capacetes azuis só podem disparar
em caso de autodefesa ou de
proteção à população.
O Brasil tem o comando militar da Minustah (missão de paz
da ONU) e é responsável pela
segurança da maior parte de
Porto Príncipe. Atualmente,
tem pouco mais de 1.200 homens, dos quais 250 são de uma
companhia de engenharia.
No início da missão, todo o
contingente brasileiro pertencia ao Brabatt, dada a situação
violenta do país.
(FM)
Texto Anterior: Tremor é oportunidade para ambições de Brasília, diz analista Próximo Texto: Frase Índice
|