São Paulo, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

Minustah festeja ausência de tiros

Atual contingente do Brasil disparou só uma vez em seis meses, contra 48 mil em período equivalente em 2006

Cenário não mudou após terremoto, no que é visto como indício de que sismo não acabou com os esforços de pacificação do Haiti


DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE

Há cerca de seis meses no Haiti, o 11º primeiro contingente do Batalhão de Infantaria de Forças de Paz do Brasil no (Brabatt, na sigla em inglês) disparou apenas um tiro -que foi acidental- de arma letal. Em contraste, de junho a dezembro de 2006, quando os militares enfrentavam gangues na favela de Bel Air, no centro de Porto Príncipe, foram mais de 48 mil disparos, segundo registros oficiais.
A ausência de tiros em confrontos mesmo depois do terremoto que arrasou a capital haitiana, há nove dias, é o principal indício apontado pelos militares brasileiros de que a segurança pública em Porto Príncipe avançou significativamente desde que começou a missão das Nações Unidas no Haiti, em meados de 2004. Apesar do alto número de disparos nos primeiros anos, não há registro do número de haitianos mortos em combate com brasileiros.
"O batalhão, em períodos anteriores, pacificou regiões como Bel Air, Cité Militaire e Cité Soleil, utilizando a força necessária, o que propiciou que não usássemos munição letal após o terremoto", afirma o coronel Alan Sampaio Santos, chefe da comunicação social.
Desde o terremoto, há registros de vários enfrentamentos entre polícia haitiana e pessoas que tentam recuperar produtos e alimentos, principalmente na região central da cidade, com um saldo de ao menos três mortos. A Minustah admite o problema, mas afirma que se restringe praticamente à área central da capital.
Desde 2006, os disparos com balas letais vêm caindo vertiginosamente. O décimo contingente, por exemplo, que atuou de dezembro de 2008 a junho passado, disparou nove vezes.
Por outro lado, os brasileiros passaram a empregar mais armas não letais, como gás de pimenta e balas de borracha. Mas até esse uso está caindo: foram 17 vezes no atual contingente, contra cerca de 300 no batalhão anterior. Pelas regras de engajamento da ONU, os capacetes azuis só podem disparar em caso de autodefesa ou de proteção à população.
O Brasil tem o comando militar da Minustah (missão de paz da ONU) e é responsável pela segurança da maior parte de Porto Príncipe. Atualmente, tem pouco mais de 1.200 homens, dos quais 250 são de uma companhia de engenharia.
No início da missão, todo o contingente brasileiro pertencia ao Brabatt, dada a situação violenta do país. (FM)


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