São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

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Líder chinês nega corrida armamentista

Em discurso apaziguador em Washington, Hu Jintao diz que seu país não quer hegemonia nem expansionismo

Presidente da China defende cooperação com os EUA no Pacífico, mas que não interfiram em temas polêmicos

Jim Young/Reuters
Em visita aos EUA, presidente chinês Hu Jintao fala em cúpula econômica em Washington

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Em um discurso apaziguador, o presidente chinês, Hu Jintao, disse ontem em Washington que a China não quer hegemonia, não fará corrida armamentista e quer cooperar com os EUA pela estabilidade do Pacífico.
Ele falava a uma plateia de empresários no terceiro dia da visita ao país.
Visou acalmar temores de que as ambições chinesas vão além de crescimento econômico e ameaçam o poderio militar americano.
"Devemos transformar o Pacífico Asiático numa importante região onde a China e os EUA trabalham juntos."
Hu insistiu em que a China tem uma doutrina militar "defensiva". "Não vamos criar uma ameaça militar a nenhum país. A China nunca vai buscar hegemonia ou investir em uma política expansionista."
Ao mesmo tempo, manteve posições rígidas. Em relação ao que considera sua integridade nacional, repetiu o recado aos EUA para não interferirem em suas disputas, citando as mais polêmicas.
"O Tibete e Taiwan dizem respeito à soberania chinesa. Esperamos que os EUA respeitem isso", disse.
Diante do aumento constante do gasto militar chinês -que em valores só perde para o dos EUA-, é cedo para avaliar o impacto da fala de Hu nas desconfianças.
A China vem investindo em média 10% mais ao ano nessa área desde os anos 1990, quando lançou uma modernização de suas forças. Divulgou há pouco, por exemplo, um caça com baixa visibilidade ao radar que poderia ser contraponto aos caças mais modernos do mundo, os americanos F-22 e F-35.
O reforço inquieta vizinhos, pois a instabilidade de países como a Coreia do Norte torna essa parte da Ásia mais vulnerável a conflitos.
Além disso, disputas territoriais chinesas com uma série de países, inclusive Japão, Filipinas e Vietnã, levaram a pedidos aos EUA de mais envolvimento militar na região.
Mas, para Pequim, o esforço é reativo. São esses países que tentam ganhar vantagens em áreas disputadas cheias de recursos energéticos. E o destacamento de mais tropas ao logo da costa chinesa seria resposta ao aumento da vigilância dos EUA por causa da Coreia do Norte.
Michael Swaine, analista do Carnegie Endowment for International Peace, diz que há risco sério de EUA e China se aproximarem de uma rivalidade estratégica.
"Se a hostilidade crescer, Washington e Pequim poderão começar a ver a situação na Ásia como de "soma zero" e procurar formas de conter um ao outro militarmente."

CLIMA HOSTIL
O discurso de Hu chegou após reuniões no Congresso nas quais respondeu a perguntas incômodas sobre economia e direitos humanos.
O Congresso há anos pede ação mais agressiva do governo contra manipulação da moeda chinesa.
John Boehner, republicano líder da Câmara, Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado, e Harry Reid, líder democrata nessa Casa, esnobaram o convite para o jantar oficial oferecido a Hu anteontem.


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