|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Fórmula sugerida por Washington não teve apoio local; novo método será traçado sob orientação da ONU
EUA estudam novo modelo para eleição iraquiana
DA REDAÇÃO
Os EUA decidiram engavetar o
plano para escolher o governo interino iraquiano por meio de convenções regionais com líderes locais, anunciou ontem o porta-voz
da Casa Branca, Scott McClellan.
"Ele [o plano] não teve muito
apoio", afirmou McClellan.
Segundo o jornal "The Washington Post", os EUA devem trabalhar na elaboração de um novo
sistema ao lado da ONU e de autoridades iraquianas. O cronograma proposto pelos EUA e aprovado pelo Conselho de Governo Iraquiano prevê a restituição da soberania iraquiana em 30 de junho.
Desde sua proposição, em novembro, o plano foi mal recebido
pelos iraquianos, sobretudo pelos
xiitas, que exigiam eleições diretas. Nas últimas duas semanas, representantes de Washington já vinham declarando que aceitariam
mudanças na proposta, contanto
que a data da entrega de poder
não fosse alterada.
A decisão foi anunciada um dia
depois de o secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, declarar que
não há tempo para organizar eleições diretas no Iraque até 30 de junho -um endosso da opinião
dos EUA, que só prevêem diretas
no fim de 2005.
Diante do parecer de Annan, o
aiatolá Ali al Sistani, principal líder xiita iraquiano e mais veemente defensor das diretas, deu a
entender que aceita o adiamento
do pleito desde que os poderes do
governo interino sejam limitados.
Representantes xiitas no Conselho de Governo Iraquiano já haviam aceitado a postergação sob a
condição de terem hegemonia na
administração interina.
A declaração de Al Sistani foi
feita em uma entrevista por escrito à revista alemã "Der Spiegel".
No depoimento, o recluso aiatolá
defendeu que o governo interino
tenha poder apenas na condução
de questões cotidianas.
"Essa instituição não deve poder tomar decisões políticas que
afetem o futuro de nosso país.
Tais decisões devem ser tomadas
apenas por um governo escolhido
em eleições livres", afirmou. Indagado sobre até quando as diretas poderiam ser adiadas, ele respondeu: "Não por muito tempo".
Os EUA afirmam que o Iraque
só terá condição de promover
eleições diretas após promulgar
uma nova Constituição -a vigente é anterior à ditadura de Saddam Hussein- e realizar um
censo acompanhado de cadastramento eleitoral -o país não possui registros confiáveis.
Segundo o jornal italiano "Corriere della Sera", o diplomata
americano Paul Bremer, chefe da
Autoridade Provisória da Coalizão, afirmou que as diretas poderiam acontecer já no início de
2005. Em uma entrevista publicada ontem, ao ser indagado sobre a
possibilidade, ele respondeu que
"talvez ela exista". "Mas antes
precisamos ver quais são as recomendações da ONU", disse.
Até agora, a única recomendação feita pela ONU é de que o prazo de 30 de junho para a devolução da soberania seja respeitado.
Troca na CIA
O jornal "Los Angeles Times"
noticiou em sua edição de ontem
que o comando da CIA, o serviço
de inteligência americano, em
Bagdá foi substituído. O motivo,
segundo o "Times", foi incompetência.
O trabalho de inteligência americano no Iraque, que já vinha
sendo criticado, foi posto em xeque após um inspetor de armas
enviado pela Casa Branca afirmar
que o país não possui um arsenal
de armas de destruição em massa,
como acusava Washington. O
inspetor, David Kay, atribui as falhas à CIA, que, por sua vez, afirmou nunca ter dito que o Iraque
fosse uma ameaça iminente à segurança mundial.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Guerra sem limites: Supremo julgará poderes antiterror de Bush Próximo Texto: Romeu e Julieta no Iraque: Ex-militar americano revê mulher iraquiana Índice
|