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VENEZUELA
Segundo diplomatas, monitores internacionais poderão abandonar o país ou ser expulsos por causa de pressão de Chávez
Observadores podem deixar Venezuela
DA REDAÇÃO
Observadores internacionais
poderão deixar a Venezuela em
breve devido aos sucessivos obstáculos que o presidente Hugo
Chávez está colocando à realização de um referendo sobre a duração de seu mandato em agosto
próximo, segundo disseram fontes diplomáticas ao jornal britânico "Financial Times".
"Os observadores acabarão por
deixar o país. A Organização dos
Estados Americanos [OEA] e o
Centro Carter são instituições respeitáveis e não endossarão inconsistências óbvias e mudanças de
regras", disse um embaixador latino-americano ao "FT".
De acordo com o diplomata,
que não quis se identificar, os observadores deixarão o país por
conta própria ou serão expulsos
pelo presidente venezuelano.
A oposição venezuelana reuniu,
em dezembro passado, 3,4 milhões de assinaturas pedindo a
realização de um referendo no
qual a população dirá se é favorável à redução do mandato de Chávez e à antecipação das eleições
presidenciais de 2007 para este
ano. Para que a consulta seja realizada, são necessárias 2,4 milhões
de assinaturas.
O Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) analisa o abaixo-assinado
para determinar se ele é válido ou
se houve fraudes na coleta de assinaturas. Após adiamento de seu
veredicto na semana passada, o
CNE anunciou que dará uma resposta até o dia 29 de fevereiro.
Na semana passada, o CNE, formado por cinco membros escolhidos pelo Supremo Tribunal de
Justiça, deu indícios de que poderá considerar milhares de assinaturas inválidas devido a impressões digitais irregulares ou problemas no preenchimento dos
formulários.
Representantes da OEA e enviados do Centro Carter, liderado
pelo ex-presidente dos EUA
Jimmy Carter (1977-81), alertaram o CNE a respeitar o "desejo
das pessoas" e a não se prender a
tecnicalidades.
Chávez, por sua vez, disse que
os representantes da OEA e os enviados do Centro Carter devem
aguardar a decisão do CNE.
A oposição teme que o CNE se
dobre às pressões de Chávez e
considere o abaixo-assinado ilegal, inviabilizando a realização do
referendo em agosto, quando o
mandato de Chávez, que vai até
2007, passará da metade.
Segundo a oposição, o CNE reteve mais de 50% das assinaturas
para uma análise mais detalhada.
Teme-se que, se o CNE descartar o referendo, as hostilidades
entre a oposição e o governo resultem em novos conflitos. Diversas pessoas, dos dois lados, já
morreram em enfrentamentos
em Caracas nos últimos anos.
Em abril de 2002, Chávez chegou a ser deposto por alguns dias,
mas, depois, recuperou o poder,
com o apoio das Forças Armadas.
Ontem, líderes da oposição pediram ao secretário-geral da OEA
(Organização dos Estados Americanos), o colombiano Cesar Gaviria, que viaje rapidamente para
Caracas para impedir que Chávez
bloqueie o referendo.
Nos últimos dois anos, com o
agravamento do conflito político
na Venezuela, Gaviria passou vários meses no país tentando mediar uma solução negociada para
a crise. Até agora, não houve resultados significativos.
"Dada a seriedade da situação,
vamos torcer para que o secretário-geral venha [a Caracas].
Quanto antes, melhor", disse
Humberto Calderon, porta-voz
da Coordenação Democrática
(coalizão de partidos e movimentos contrários a Chávez).
"A OEA não ficará em silêncio
diante do que está acontecendo
aqui", disse o opositor.
A Venezuela é o 5º maior exportador de petróleo do mundo, mas
vive uma intensa crise econômica
devido à instabilidade política.
Chávez, coronel da reserva que
tentou dar um golpe em 1992 e foi
eleito presidente em eleições democráticas em 1998, é popular entre as classes mais baixas da população, mas enfrenta resistência
das classes média e alta.
Com Agências Internacionais
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