São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Enviado da UE na transição chega ao território kosovar

DE GENEBRA

Sob protestos da Sérvia e da Rússia, que se opõem à independência declarada por Kosovo no domingo, um enviado especial da União Européia chegou ontem ao território para preparar a transição. Manifestantes sérvios protestaram pelo terceiro dia consecutivo na fronteira entre Sérvia e Kosovo, mas não se repetiu a violência do dia anterior, quando dois postos da ONU foram incendiados e soldados da Otan tiveram que intervir.
O holandês Pieter Feith chefiará a missão européia, composta por cerca de 2.000 profissionais, entre juristas, policiais e agentes de alfândega, que substituirá a ONU na administração de Kosovo. "A missão jurídica começará a trabalhar nas proximas semanas", disse.
O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a missão européia é ilegal, pois não tem o respaldo de uma resolução da ONU. "É uma amarga ironia, para dizer o mínimo, que uma missão destinada a garantir a lei está em violação da mais alta lei, o direito internacional", disse Lavrov em Moscou.
Os postos de fronteira atacados na terça-feira foram reabertos ontem, mas as tropas da Otan (aliança militar do Ocidente) mantiveram bloqueadas as estradas que ligam a Sérvia a Kosovo. Membros da minoria sérvia de Kosovo, que compõe menos de 10% da população do território, disseram que o bloqueio impediu a chegada de produtos básicos, como leite e pão. Estima-se que 90% de tudo que é consumido em Kosovo é importado.

"Kit reconhecimento"
Em visita ao Conselho da Europa, em Estrasburgo (França), o chanceler sérvio, Vuk Jeremic, disse que as relações com os países que reconhecerem a independência de Kosovo sofrerão "danos permanentes". Ontem foi a vez da Alemanha seguir os passos de Estados Unidos, Reino Unido e França, entre outros, e reconhecer formalmente a secessão. Em protesto, Belgrado retirou seu embaixador da Alemanha.
Segundo Jeremic, ao apoiar a declaração unilateral de independência de Kosovo, os países europeus fornecem "a qualquer grupo separatista religioso ou étnico da Europa um kit de como obter reconhecimento". (MARCELO NINIO, com agências internacionais)


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