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Enviado da UE na transição chega ao território kosovar
DE GENEBRA
Sob protestos da Sérvia e da
Rússia, que se opõem à independência declarada por Kosovo no domingo, um enviado especial da União Européia chegou ontem ao território para
preparar a transição. Manifestantes sérvios protestaram pelo terceiro dia consecutivo na
fronteira entre Sérvia e Kosovo, mas não se repetiu a violência do dia anterior, quando dois
postos da ONU foram incendiados e soldados da Otan tiveram que intervir.
O holandês Pieter Feith chefiará a missão européia, composta por cerca de 2.000 profissionais, entre juristas, policiais
e agentes de alfândega, que
substituirá a ONU na administração de Kosovo. "A missão jurídica começará a trabalhar nas
proximas semanas", disse.
O chanceler da Rússia, Sergei
Lavrov, disse que a missão européia é ilegal, pois não tem o
respaldo de uma resolução da
ONU. "É uma amarga ironia,
para dizer o mínimo, que uma
missão destinada a garantir a
lei está em violação da mais alta
lei, o direito internacional",
disse Lavrov em Moscou.
Os postos de fronteira atacados na terça-feira foram reabertos ontem, mas as tropas da
Otan (aliança militar do Ocidente) mantiveram bloqueadas
as estradas que ligam a Sérvia a
Kosovo. Membros da minoria
sérvia de Kosovo, que compõe
menos de 10% da população do
território, disseram que o bloqueio impediu a chegada de
produtos básicos, como leite e
pão. Estima-se que 90% de tudo que é consumido em Kosovo
é importado.
"Kit reconhecimento"
Em visita ao Conselho da Europa, em Estrasburgo (França),
o chanceler sérvio, Vuk Jeremic, disse que as relações com
os países que reconhecerem a
independência de Kosovo sofrerão "danos permanentes".
Ontem foi a vez da Alemanha
seguir os passos de Estados
Unidos, Reino Unido e França,
entre outros, e reconhecer formalmente a secessão. Em protesto, Belgrado retirou seu embaixador da Alemanha.
Segundo Jeremic, ao apoiar a
declaração unilateral de independência de Kosovo, os países
europeus fornecem "a qualquer grupo separatista religioso ou étnico da Europa um kit
de como obter reconhecimento".
(MARCELO NINIO, com agências internacionais)
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