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Netanyahu é escolhido premiê de Israel
Ascensão de linha-dura, que governou entre 1996 e 1999, põe em risco processo de paz com palestinos; direitista tenta atrair Livni
Com o apoio de mais da metade do Parlamento, líder do Likud será primeiro a chefiar governo sem seu partido ter sido mais votado
Gali Tibbon/France Presse
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O líder direitista Binyamin Netanyahu chamou Irã de "maior ameaça" à existência de Israel
DA REDAÇÃO
Dez anos depois de deixar pela primeira vez o cargo de premiê de Israel, o líder do partido
direitista Likud, Binyamin Netanyahu, foi incumbido ontem
pelo presidente Shimon Peres
de formar um gabinete, pondo
fim à indefinição que sucedeu o
apertado resultado das eleições
legislativas do último dia 10.
Conforme a tradição pela
qual cabe ao presidente designar a pessoa mais indicada para
chefiar o governo, Peres entregou a Netanyahu uma carta oficializando o pedido logo após a
última rodada de negociações
com líderes dos 12 partidos que
formarão o Knesset, o Parlamento israelense unicameral.
Netanyahu, que tem agora 42
dias para confirmar o respaldo
de pelo menos 61 dos 120 legisladores eleitos, foi escolhido
apesar de seu partido não ter sido o mais votado, algo inédito.
O pleito, antes previsto para
2010, foi antecipado pela renúncia do premiê Ehud Olmert
sob acusações de corrupção.
O Kadima, o partido de centro-direita de Olmert e hoje liderado pela chanceler Tzipi
Livni, obteve uma cadeira a
mais do que o Likud (28 a 27).
Mas, numa investida à direita, Netanyahu, 59, arrematou
nos últimos dias o apoio de
mais da metade dos eleitos, aumentando as chances de uma
coalizão mais coesa, estável e
duradoura no ultrafragmentado cenário político do país.
Foi decisivo o respaldo do
partido ultranacionalista Israel
Beitenu, terceiro colocado na
eleição, com 15 cadeiras, que
praticamente garantiu a volta
ao poder de Netanyahu -ele foi
um premiê linha-dura entre
1996 e 1999.
Em sua primeira declaração
como premiê, Netanyahu lançou um apelo de união às duas
maiores siglas: o Kadima, cujo
bloco de sustentação tradicional somou 55 cadeiras, e o esquerdista Partido Trabalhista,
do ministro da Defesa Ehud
Barak (dono de 13 dessas 55).
"Convoquei a líder do Kadima, Tzipi Livni, e o líder do Partido Trabalhista, Ehud Barak, e
lhes disse: "vamos nos unir para
garantir o futuro do Estado de
Israel (...) pelo bem do povo e
do estado'", disse Netanyahu,
que qualificou o Irã como a
maior ameaça a Israel "desde a
independência", em 1948.
O aceno está direcionado
principalmente a Livni, que vinha conduzindo o diálogo de
paz com os palestinos -mediado pela Casa Branca- sob o governo de Olmert.
Manter a chanceler no gabinete seria uma forma de dissipar o temor de muitos países,
incluindo os EUA, de que as negociações de paz sejam enterradas -Netanyahu é contra o Estado palestino e a devolução
dos territórios ocupados por Israel e prega a expansão das colônias na Cisjordânia.
Netanyahu e Livni se reunirão amanhã para discutir uma
possível aliança.
Kadima dividido
Até o fechamento desta edição o Kadima parecia dividido
sobre a possibilidade de integrar uma coalizão de governo
liderada por Netanyahu.
Logo após a nomeação do novo premiê, Livni rejeitou a
aliança, alegando que defende,
ao contrário do Likud, a solução de dois Estados para pôr
fim ao conflito com os palestinos. "Seria uma coalizão que
não me permitiria seguir esse
caminho [dos dois Estados],
que é o que prometemos aos
nossos eleitores", disse.
"[Netanyahu] não nos terá.
Essa é uma coalizão que vai
prejudicar o país", insistiu.
Mas horas depois, Dalia Itzik,
uma das principais líderes do
Kadima, disse esperar que a sigla integre o novo governo. "Espero que possamos formar um
governo amplo, no qual o Kadima seja um líder sério, devido
ao seu tamanho e à nossa vontade de ter influência", disse.
A declaração é tida como um
apelo à possibilidade de um rodízio no cargo de primeiro-ministro entre Livni e Netanyahu,
como aconteceu em 1984 com o
Likud e o Partido Trabalhista.
O Likud descartou reiteradas
vezes essa ideia.
Com agências internacionais
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