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Aos 85, morre chefe de gabinete de Nixon
General Alexander Haig, timoneiro do governo durante escândalo do Watergate, foi secretário de Estado de Reagan
General atuou na guerra do
Vietnã e foi coadjuvante no
degelo da relação entre EUA
e China; Obama o chamou
de "guerreiro-diplomata"
DA REDAÇÃO
Alexander Haig, general que
assumiu a chefia de gabinete da
Casa Branca durante os cruciais meses do escândalo do
Watergate e foi secretário de
Estado no governo Ronald Reagan (1981-1989), morreu ontem
aos 85 anos.
General quatro estrelas partícipe e formulador da Guerra
do Vietnã (1959-1975) e coadjuvante na articulação do degelo
das relações EUA-China, o timoneiro do governo americano
quando o presidente Richard
Nixon estava sob ameaça de
impeachment tentou, sem sucesso, ser o candidato republicano à Presidência em 1988.
Anos antes, a biografia de
Haig fora marcada justamente
pela pressa em, de maneira
equivocada, declarar-se comandante em chefe dos EUA
horas depois do atentando contra Reagan, em março de 1981.
Então secretário de Estado,
declarou: "Estou no controle
aqui, na Casa Branca, até o vice-presidente chegar", disse aos
repórteres. A passagem não foi
esquecida por seus detratores
na pré-campanha de 1988 e ele
previu que ela apareceria "no
terceiro parágrafo de seu obituário", contou Lyn Nofziger,
um assessor de Reagan.
De todo modo, o lugar de
Haig na história política americana havia sido assinalado
quando ele aceitou tornar-se
chefe de gabinete de Nixon
(equivalente no Brasil a ministro-chefe da Casa Civil), em
maio de 1973, com o governo
em crise: "Quando seu presidente pede, você cumpre".
É creditado a Haig o fato de o
presidente ter sido persuadido
a tornar-se o primeiro ocupante da Casa Branca a renunciar
em vez de se desgastar mais
ainda numa batalha política
contra o impeachment.
"O evento teve uma enorme
consequência para o país: um
fundamental descrédito por esse posto [a Presidência]; um
novo ceticismo em relação à
política em geral que cada americano sentiu", diria depois sobre o Watergate.
Em 1974, ele se destacou como uma das raras figuras da
Casa Branca a não ter implicações na operação de espionagem contra o Partido Democrata que derrubaria Nixon. Foi
um dos dos motivos que o fez
povoar por anos listas dos possíveis "Garganta Profunda", o
informante que municiou os
repórteres do "Washington
Post" na cobertura do caso.
Em nota, o presidente Barack Obama disse que Haig foi
um grande americano, parte da
"mais fina tradição de diplomatas-guerreiros do país."
Allende, Nicarágua
A trajetória de Haig do Exército ao alto escalão da política e
da diplomacia começou quando tornou-se assistente do secretário de Defesa Robert
McNamara (1916-2009). Em
1969, foi escolhido assessor do
então futuro secretário de Estado Henry Kissinger no Conselho de Segurança Nacional.
Haig divide com McNamara
e Kissinger as glórias e fracassos da diplomacia e dos militares americanos daquela década
intensa, da derrota no Vietnã
-incluindo o desastrado ataque ao Cambodja em 1970- ao
degelo com a China e a União
Soviética que encaminhariam o
mundo para o pós-Guerra Fria.
Na América Latina, Haig é
acusado de ter tomado parte da
preparação do golpe contra o
presidente chileno Salvador
Allende em 1973. Mais tarde,
diria que Allende era "um espião da KGB".
Já em seus 17 meses no governo Reagan, foi apontado como mentor das primeiras ações
contra as guerrilhas na Guatemala, El Salvador e contra os
sandinistas na Nicarágua. Tentou, sem êxito, mediar o conflito pelas ilhas Malvinas (1982).
Haig, filho de um advogado e
uma dona de casa, nasceu na
Filadélfia. Segundo o hospital
Johns Hopkins, em Baltimore,
sua morte foi provocada por infecção generalizada. Ele deixa a
mulher Patrícia, 60, três filhos
e oito netos.
Com "New York Times" e agências internacionais
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