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China admite que usou armas para reprimir protestos
Governo reconhece que manifestações pró-Tibete chegaram a outras Províncias e alega ter atirado em "legítima defesa"
Secretária de Estado dos EUA pede a par chinês para país abrir diálogo com dalai-lama e contornar a crise que já matou pelo menos 16
Teh Eng Koon/France Press
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Tibetana ajuda filho a urinar; atrás, tropas chinesas em Sichuan |
DA REDAÇÃO
A China admitiu ontem pela
primeira vez que os protestos
pró-Tibete se espalharam para
outras regiões e que soldados
atiraram em manifestantes em
"legítima defesa".
A agência estatal de notícias
Xinhua reportou levantes recentes nas Províncias de Gansu
e Sichuan, onde tropas chinesas teriam disparado contra
quatro manifestantes no fim de
semana passado.
Até então, a Xinhua apenas
declarava, sem entrar em detalhes, que a polícia tomava medidas para "manter a ordem social e preservar a segurança das
pessoas".
Também ontem, a televisão
oficial chinesa transmitiu uma
reportagem especial sobre a
violência no Tibete, culpando o
dalai-lama, líder espiritual tibetano, de estar por trás dos incidentes. O programa de 15 minutos, com claro enfoque na
audiência estrangeira, foi exibido pela TV pública CCTV simultaneamente em espanhol,
inglês, francês e chinês.
Imagens já divulgadas das
manifestações eram intercaladas por comentários de um
narrador, que em determinado
ponto afirma: "Em resposta aos
incidentes, as forças de ordem
exerceram contenção máxima.
Não usaram armas letais, mesmo com sua vidas em risco".
Para tentar conter o avanço
dos protestos no oeste do país
-iniciados há mais de dez dias
por marchas pacíficas de monges contra o domínio chinês no
Tibete- a China reforçou ontem a segurança da região.
Vários comboios militares do
Exército foram enviados ao Tibete e Províncias vizinhas para
tentar neutralizar as manifestações, que deixaram 16 mortos
e 325 feridos, segundo o governo chinês, e ao menos 99 mortos, segundo grupos de oposição e entidades humanitárias.
Repercussão
O uso de violência das forças
chinesas contra os manifestantes aumenta a pressão internacional contra a repressão e a favor de uma solução pacífica.
Durante conversa de 20 minutos pelo telefone, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, exortou
ontem o colega chinês, Yang
Jiechi, a agir com cuidado e a
dialogar com o dalai-lama.
Anteontem, o primeiro-ministro da China Wen Jiabao
afirmou estar disposto a se reunir com o dalai-lama, se este
desistir da independência e da
violência. O dalai-lama se ofereceu ontem para viajar a Pequim e negociar a crise.
Na terça, uma delegação do
governo chinês foi recebida em
sigilo no Vaticano, informou a
agência de notícias católica
I.Media. Um dia antes, o papa
Bento 16 rompeu o silêncio sobre os acontecimentos no Tibete, pedindo "tolerância".
No Nepal, 88 tibetanos foram
presos depois de um protesto.
Centenas de pessoas fizeram
uma manifestação pró-Tibete
em frente à embaixada chinesa
em Berlim. Já nos EUA, um artefato explosivo foi jogado dentro do consulado chinês em São
Francisco, sem deixar feridos.
Dos dias 20 a 24 deste mês,
passa por São Paulo e Rio de Janeiro a "tocha dos direitos humanos"-iniciativa de uma
ONG que desde 2007 percorre
os cinco continentes em campanha contra os Jogos Olímpicos em Pequim.
Com agências internacionais
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