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Teerã elogia aceno, mas exige "atos concretos"
Líder supremo descarta fim de programa nuclear
DA ASSOCIATED PRESS
Seguindo um tipo de resposta padrão aos acenos de Washington, o governo iraniano
elogiou ontem o discurso de
Barack Obama por ocasião do
feriado do Nowruz (Ano Novo
persa), mas cobrou que a retórica apaziguadora se traduza
em "atos concretos" -como o
fim das sanções econômicas.
A resposta de Teerã a Obama
veio por meio de Akbar Javanfekr, principal assessor de comunicação do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
"Recebemos bem o interesse
em superar as divergências,
mas o governo americano precisa se conscientizar de seus erros passados e se esforçar para
consertá-los", disse o assessor.
Javanfekr alinhou os atos
que "o Irã jamais esquecerá": a
operação secreta da CIA que
derrubou o governo do premiê
nacionalista Mohamed Mossadegh em 1953, a rejeição à Revolução Islâmica de 1979, a derrubada por um míssil americano de um Airbus da Iran Airlines em 1988 e o apoio ao Iraque
na guerra de 1980 a 1988.
O assessor disse que "apoiar
Israel não é um ato amigável" e
condicionou o diálogo com a
Casa Branca a "mudanças fundamentais", como a suspensão
das sanções comerciais impostas por EUA e ONU.
A decisão de Obama de renovar o boicote dos EUA à indústria petroleira iraniana é tida
como uma das razões por trás
do ceticismo do Irã, que, nas
entrelinhas, também espera
garantias de segurança e exige
não ser mais considerado patrocinador do terrorismo.
O programa nuclear iraniano, que motivou parte das sanções contra Teerã, não foi mencionado por Javanfekr.
Programa nuclear
O recado de que o Irã não
pretende abrir mão de seus planos no setor de energia atômica
ficou por conta do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Num discurso em que se esquivou de responder ao aceno de
Obama, ele disse ontem que as
potências mundiais "entenderam que já não podem travar o
programa nuclear iraniano".
O gesto de Obama foi visto
como avanço por França, Rússia, Reino Unido e Itália, que
elogiou a "liderança" do americano. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que o curso "reflete o que os europeus sempre
quiseram: uma oferta a Teerã".
"Tomara que seja aceita."
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