São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Teerã elogia aceno, mas exige "atos concretos"

Líder supremo descarta fim de programa nuclear

DA ASSOCIATED PRESS

Seguindo um tipo de resposta padrão aos acenos de Washington, o governo iraniano elogiou ontem o discurso de Barack Obama por ocasião do feriado do Nowruz (Ano Novo persa), mas cobrou que a retórica apaziguadora se traduza em "atos concretos" -como o fim das sanções econômicas.
A resposta de Teerã a Obama veio por meio de Akbar Javanfekr, principal assessor de comunicação do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
"Recebemos bem o interesse em superar as divergências, mas o governo americano precisa se conscientizar de seus erros passados e se esforçar para consertá-los", disse o assessor.
Javanfekr alinhou os atos que "o Irã jamais esquecerá": a operação secreta da CIA que derrubou o governo do premiê nacionalista Mohamed Mossadegh em 1953, a rejeição à Revolução Islâmica de 1979, a derrubada por um míssil americano de um Airbus da Iran Airlines em 1988 e o apoio ao Iraque na guerra de 1980 a 1988.
O assessor disse que "apoiar Israel não é um ato amigável" e condicionou o diálogo com a Casa Branca a "mudanças fundamentais", como a suspensão das sanções comerciais impostas por EUA e ONU.
A decisão de Obama de renovar o boicote dos EUA à indústria petroleira iraniana é tida como uma das razões por trás do ceticismo do Irã, que, nas entrelinhas, também espera garantias de segurança e exige não ser mais considerado patrocinador do terrorismo.
O programa nuclear iraniano, que motivou parte das sanções contra Teerã, não foi mencionado por Javanfekr.

Programa nuclear
O recado de que o Irã não pretende abrir mão de seus planos no setor de energia atômica ficou por conta do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Num discurso em que se esquivou de responder ao aceno de Obama, ele disse ontem que as potências mundiais "entenderam que já não podem travar o programa nuclear iraniano".
O gesto de Obama foi visto como avanço por França, Rússia, Reino Unido e Itália, que elogiou a "liderança" do americano. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que o curso "reflete o que os europeus sempre quiseram: uma oferta a Teerã". "Tomara que seja aceita."


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