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Ruralistas retomam protestos na Argentina
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Um mês após o início do diálogo, a relação entre governo e
campo voltou nesta semana a
se deteriorar na Argentina.
Produtores rurais retomaram
protestos em estradas e anunciaram ontem locaute de uma
semana contra a negativa do
governo de baixar impostos sobre exportações de soja.
Duas ações oficiais desencadearam novos protestos. Anteontem, a base governista na
Câmara dos Deputados impediu a votação de um projeto da
oposição para reduzir tributos
sobre o setor rural. Mais tarde,
a presidente Cristina Kirchner
anunciou divisão com as Províncias de 30% dos impostos
sobre a soja, enterrando a possibilidade de baixar alíquotas.
Produtores se concentravam
ontem em 68 pontos do interior do país, segundo dados do
próprio governo. Na véspera
foram 58 mobilizações, em sete
Províncias, informou a Federação Agrária. Houve bloqueios
totais de rodovias em cidades
como Gualeguaychú (Entre
Rios) e Armstrong (Santa Fé).
"A presidente nos disse que
era democrático ir ao Congresso, depois seu partido não foi
debater, uma incongruência",
disse Mario Llambías, da Confederações Rurais Argentinas.
"Eles têm uma posição e nós
temos outra. Peço que nos respeitem, porque fomos eleitos
para governar para todos os argentinos", disse o ministro do
Interior, Florencio Randazzo.
Os impostos sobre o complexo soja (grão, farelo e óleo) são
fundamentais no caixa do governo, afetado pela crise econômica mundial. Na campanha
2008/09, representam US$ 4,9
bilhões -6% da arrecadação.
Sem venda
Será a segunda interrupção
no ano -desta vez, até dia 27-
da venda de carne e grãos.
Em fevereiro houve suspensão de quatro dias. Governo e
ruralistas mantiveram então
reuniões em que acordaram
benefícios pontuais, mas sem
alterar a base da política agropecuária -impostos e entraves
a exportações.
O conflito, agravado pela seca, completa um ano sem solução. Começou quando o governo atrelou os impostos sobre
exportações de grãos aos preços internacionais, então em
alta recorde. Ruralistas promoveram 3.979 bloqueios de estradas pelo país, houve desabastecimento e a popularidade
de Cristina caiu pela metade
-hoje acerca os 30%.
A mudança do sistema tributário acabou derrubada no Senado, e os impostos voltaram
ao nível anterior -da soja, por
exemplo, o governo fica com
35% do que se exporta.
O cenário de retração mundial, com queda de lucros e de
40% nos preços internacionais
de grãos, exacerbou a grita.
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