São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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ENCONTRO
Líderes de Moçambique, Namíbia, África do Sul e Zimbábue buscam solução para ocupação de terras
Cúpula africana debate o Zimbábue

Reuters
Fazendeiro zimbabuano de Harare pede que seus funcionários deixem o local para evitar conflitos


das agências internacionais

Os presidentes de Moçambique, Namíbia e África do Sul se reúnem hoje, em Victoria Falls (Zimbábue), com o presidente Robert Mugabe, para discutir a crise das ocupações de fazendas pertencentes a brancos e a guerra no Congo (ex-Zaire).
O principal líder oposicionista do Zimbábue, Morgan Tsvangirai, pediu que os líderes africanos pressionem Mugabe para que ele declare as invasões ilegais.
Na última terça, no 20º aniversário da independência do país, Mugabe, 76, disse que os fazendeiros brancos, descendentes de colonos britânicos, se comportam como "inimigos do Zimbábue" e se recusou a exigir a retirada de veteranos de guerra negros que ocupam ao menos 500 fazendas pertencentes a brancos.
Cerca de 4.500 fazendeiros brancos controlam ao menos 30% das melhores terras locais.
Os EUA voltaram a criticar o presidente zimbabuano, que não soube "condenar a violência", e disseram esperar que a reunião ajude a solucionar a crise.
"Esperamos que discutam um tema que constitui uma fonte crescente de preocupação para a comunidade internacional", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, James Rubin.
"É óbvio para todos que Mugabe deveria renunciar o mais rápido possível", disse Anna Lindh, ministra das Relações Exteriores da Suécia, um dos países europeus que mais apoiavam Mugabe.
Chenjerai Hunzvi, chefe da Associação dos Veteranos de Guerra (que lidera a campanha de ocupação), pediu o "fim das hostilidades". Segundo Hunzvi, as invasões devem continuar, mas sem violência.
Duas fazendas foram queimadas ontem, perto de Arcturus (a cerca de 40 km de Harare). Muitos fazendeiros abandonaram a região por causa da violência -ao menos quatro pessoas já foram mortas.
Utilizando um cinegrafista negro (brancos são hostilizados), a TV britânica BBC mostrou zimbabuanos queimando casas de fazendeiros e matando dois cachorros que protegiam propriedades.
"Houve muitos ataques contra fazendeiros. Podíamos ouvir os gritos. A polícia esteve lá, mas não fez nada", disse um fazendeiro que não quis se identificar.
Tsvangirai, líder do Movimento por Mudanças Democráticas, disse que o Zimbábue não deveria adiar as eleições programadas para maio ou junho (a data exata ainda não foi definida). "Espero que aproveitem o encontro em Victoria Falls para dizer ao presidente Mugabe que ele está seguindo um caminho suicida."
Simpatizantes de Mugabe teriam batido e intimidado agricultores para que eles apóiem o governo nas eleições.
Críticos de Mugabe afirmam que ele entregou parte das terras zimbabuanas a partidários políticos, ao mesmo tempo em que governa uma economia marcada pela corrupção. O país enfrenta desemprego alto (50%), salários baixos, inflação crescente (cerca de 50%) e cortes de combustível.



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