São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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GUERRA NO CÁUCASO
Segundo Maskhadov, guerrilheiros vão suspender ações contra a Rússia e soltar prisioneiros
Líder tchetcheno diz ter ordenado trégua

das agências internacionais

Os guerrilheiros separatistas da Tchetchênia receberam ordem para suspender os ataques contra tropas da Rússia, disse ontem o líder tchetcheno Aslan Maskhadov, em entrevista ao diário russo "Kommersant".
Ele afirmou que mandou os homens sob seu comando libertarem prisioneiros russos. Isso faria parte de um plano de paz que ele teria proposto a Moscou.
As autoridades russas não acreditam que Maskhadov tenha total controle sobre as ações dos guerrilheiros. Um porta-voz do Kremlin, Serguei Iastrzhembski, disse, ao saber da notícia, que "se essa iniciativa realmente acontecer, estará mostrando a profunda desmoralização existente entre os guerrilheiros tchetchenos".
O líder tchetcheno tenta convencer Moscou de sua representatividade na região. "Praticamente todas as unidades armadas tchetchenas centralizaram seu controle e, é claro, me obedecem como comandante-chefe."
Maskhadov afirmou ao diário que "a relativa calma que reina agora no front ocorre porque dei ordens de suspensão unilateral das ações militares".
Ele tenta distanciar a sua imagem da de outros dois líderes tchetchenos -Shamil Basaiev e Khattab- acusados por Moscou de ter fomentado o movimento separatista islâmico na vizinha República russa do Daguestão e orquestrado campanha terrorista contra civis que deixou cerca de 300 mortos em grandes cidades da Rússia em 1999.
Esses dois fatos motivaram a Rússia a lançar, em setembro passado, ofensiva para eliminar os grupos separatistas da Tchetchênia -milícias que já haviam derrotado o Exército federal em outro sangrento conflito na região do Cáucaso, entre 1994 e 1996.
Moscou não mediu forças no conflito atual e evitou a luta de corpo-a-corpo, utilizando a maior parte de seu poder bélico em bombardeios contra as cidades tchetchenas.
A comunidade internacional criticou duramente a ação russa, que prejudicou principalmente a população civil tchetchena -centenas de milhares de pessoas tiveram de fugir para campos de refugiados na vizinha Inguchétia.
Mas o governo russo não deu ouvidos às críticas: a guerra fez disparar a popularidade do premiê e depois presidente em exercício, Vladimir Putin, escolhido pelo ex-presidente Boris Ieltsin como seu sucessor. Putin conseguiu, assim, se eleger facilmente presidente no mês passado.
Apesar da oferta de Maskhadov, a Rússia ainda não encerrou suas atividades militares. Anunciou ontem o envio de mais tropas para combater os rebeldes nas montanhas no sul da Tchetchênia.


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