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GUERRA NO CÁUCASO
Segundo Maskhadov, guerrilheiros vão suspender ações contra a Rússia e soltar prisioneiros
Líder tchetcheno diz ter ordenado trégua
das agências internacionais
Os guerrilheiros separatistas da
Tchetchênia receberam ordem
para suspender os ataques contra
tropas da Rússia, disse ontem o líder tchetcheno Aslan Maskhadov, em entrevista ao diário russo
"Kommersant".
Ele afirmou que mandou os homens sob seu comando libertarem prisioneiros russos. Isso faria
parte de um plano de paz que ele
teria proposto a Moscou.
As autoridades russas não acreditam que Maskhadov tenha total
controle sobre as ações dos guerrilheiros. Um porta-voz do Kremlin, Serguei Iastrzhembski, disse,
ao saber da notícia, que "se essa
iniciativa realmente acontecer, estará mostrando a profunda desmoralização existente entre os
guerrilheiros tchetchenos".
O líder tchetcheno tenta convencer Moscou de sua representatividade na região. "Praticamente todas as unidades armadas
tchetchenas centralizaram seu
controle e, é claro, me obedecem
como comandante-chefe."
Maskhadov afirmou ao diário
que "a relativa calma que reina
agora no front ocorre porque dei
ordens de suspensão unilateral
das ações militares".
Ele tenta distanciar a sua imagem da de outros dois líderes
tchetchenos -Shamil Basaiev e
Khattab- acusados por Moscou
de ter fomentado o movimento
separatista islâmico na vizinha
República russa do Daguestão e
orquestrado campanha terrorista
contra civis que deixou cerca de
300 mortos em grandes cidades
da Rússia em 1999.
Esses dois fatos motivaram a
Rússia a lançar, em setembro passado, ofensiva para eliminar os
grupos separatistas da Tchetchênia -milícias que já haviam derrotado o Exército federal em outro sangrento conflito na região
do Cáucaso, entre 1994 e 1996.
Moscou não mediu forças no
conflito atual e evitou a luta de
corpo-a-corpo, utilizando a
maior parte de seu poder bélico
em bombardeios contra as cidades tchetchenas.
A comunidade internacional
criticou duramente a ação russa,
que prejudicou principalmente a
população civil tchetchena
-centenas de milhares de pessoas tiveram de fugir para campos de refugiados na vizinha Inguchétia.
Mas o governo russo não deu
ouvidos às críticas: a guerra fez
disparar a popularidade do premiê e depois presidente em exercício, Vladimir Putin, escolhido
pelo ex-presidente Boris Ieltsin
como seu sucessor. Putin conseguiu, assim, se eleger facilmente
presidente no mês passado.
Apesar da oferta de Maskhadov,
a Rússia ainda não encerrou suas
atividades militares. Anunciou
ontem o envio de mais tropas para combater os rebeldes nas montanhas no sul da Tchetchênia.
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