São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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GRITOS NA CASA BRANCA

Mulher dribla segurança e pede fim de repressão religiosa na China

Protesto interrompe entrevista

Matthew Cavanaugh/EFE
Cinegrafista tenta acalmar Wang Wenyi, que clama a Bush que impeça perseguição a seita


DE WASHINGTON

Wang Wenyi, 47, pode ser considerada o símbolo dos problemas que afligem os presidentes George W. Bush e Hu Jintao. Do lado americano, expôs as eternas falhas na segurança interna do país ao se infiltrar num evento supostamente ultravigiado, em plena Casa Branca -ela teria conseguido um passe de 24 horas dado a jornalistas. Do lado chinês, por ter escancarado durante o discurso de seu presidente a falta de liberdade religiosa em seu país.
Militante do Falun Gong, Wenyi conseguiu chegar ao minipalco onde estavam fotógrafos e cinegrafistas e gritou, segundo jornalistas chineses: "Presidente Bush, impeça que ele continue perseguindo o Falun Gong! Presidente Hu, seus dias estão contados!"
O movimento religioso é considerado uma ameaça à segurança pública e proibido na China desde 1999. Segundo organizações de direitos humanos, seus militantes são presos sem julgamento e levados a campos de concentração. Aqui, têm sido os principais responsáveis pelos protestos que acompanham a visita do líder chinês e tomavam várias ruas de Washington ontem com roupas típicas, portando faixas e gritando palavras de ordem.
O presidente chinês chegou a interromper seu discurso, mas continuou depois de ouvir Bush dizer: "Você está o.k." Já a militante foi presa. Será acusada de conduta desordeira e poderá ser indiciada por crimes federais, disse o porta-voz Eric Zahren, do Serviço Secreto norte-americano, responsável pela segurança de governantes estrangeiros. Bush, de acordo com um assessor do governo, pediu desculpas a Hu pelo incidente.
O evento conjunto não estava sendo transmitido ao vivo para a China pelas emissoras estatais, mas o sinal da CNN Internacional foi interrompido por aquele país durante todo o incidente, informou depois a emissora de notícias norte-americana.
Segundo a CNN, seu sinal foi cortado duas vezes: quando a manifestante gritou aos dois presidentes e mais tarde, quando a emissora relatou o incidente. A emissora acrescentou que o mesmo aconteceu com os sinais da BBC e da Phoenix Satellite Television. (SD)


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