São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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ITÁLIA

Primeiro-ministro não reconhecerá vitória do adversário e joga para enfraquecê-lo com a suspeita de ilegitimidade

Para Berlusconi, governo Prodi "nasce morto"

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro Silvio Berlusconi não reconhecerá a vitória da oposição de centro-esquerda nas eleições legislativas italianas e afirmou, segundo o "Corriere della Sera", que o novo gabinete a ser chefiado por Romano Prodi "já nasceu morto".
Prodi foi ontem favorecido pela nota do Departamento de Estado americano que o reconheceu como novo primeiro-ministro. Mas George W. Bush não lhe telefonou para cumprimentá-lo. Bastante próximo de Berlusconi, o presidente americano expressa possivelmente seu mau humor pela intenção de Prodi de retirar os militares italianos do Iraque.
O jornal "La Repubblica" disse que o futuro premiê indicará para o Ministério da Economia Tommaso Padoa Schioppa, que integrou a direção do Banco Central Europeu e é um nome que tranqüilizaria os mercados. Mas o convite não está confirmado.
Quanto à intransigência de Berlusconi, o "Corriere" informa que o ainda premiê não tem a intenção de telefonar ao adversário para cumprimentá-lo, uma iniciativa protocolar da política italiana.
Ao ser indagado se não obedeceria essa tradição, Berlusconi, segundo o jornal, disse tratar-se de uma prática comum nos Estados Unidos, mas que na Itália ela já não era mais respeitada.
O premiê disse a um de seus partidários, de acordo ainda com o "Corriere", que "qualquer um que acredite que Prodi governará por até dois anos é um estúpido (pazzo)". Prevê que o gabinete caia no segundo semestre, quando o Parlamento votar recursos para a manutenção da missão militar italiana no Iraque.
O plano de Berlusconi, dizem analistas, é concentrar seus esforços para caracterizar o governo de Prodi como ilegítimo, já que, a seu ver, uma recontagem dos votos nulos poria em risco a maioria de apenas 24.755 (de um total de 38 milhões) que a oposição obteve na Câmara dos Deputados.
Mas uma recontagem só pode ser decidida pelo novo Parlamento, que não tem interesse em aderir à manobra do ainda premiê.
A situação do Senado é mais confusa. Prodi elegeu 158 senadores, contra os 156 de Berlusconi. Mas há dúvida sobre a cadeira do ítalo-argentino Luigi Pallaro, eleito em chapa independente por eleitores sul-americanos.
Ele disse ontem em Buenos Aires, segundo a France Presse, que irá a Roma para conversar com Berlusconi e Prodi. Só então dirá se irá aderir a um dos blocos.


Com agências internacionais

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