São Paulo, terça-feira, 21 de abril de 2009

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Nova alegação de paternidade abala Lugo

Ex-bispo e presidente do Paraguai é acusado de ter abandonado outro filho, dias após assumir bebê nascido quando era clérigo

Suspeita ofusca a reforma do gabinete, que manteve poder do PLRA; ministras exigem esclarecimentos e Lugo aceita exame de DNA

DA REDAÇÃO

Uma nova alegação de paternidade ofuscou a reforma de gabinete paraguaia e o aniversário de um ano do governo de Fernando Lugo, ex-bispo que quebrou a hegemonia de 61 anos do Partido Colorado, de direita, na Presidência do Paraguai. Uma semana após Lugo admitir ser o pai de um menino de quase dois anos, concebido quando ainda era bispo, uma mulher exige que ele registre um garoto nascido em 2002.
O presidente paraguaio fará teste de DNA, segundo seu advogado, Marcos Fariña, que seguiu para Ciudad do Leste, na fronteira com o Brasil, onde deve encontrar hoje Benigna Leguizamón, mãe do menino de 6 anos apresentado à imprensa como filho de Lugo. Por meio de seu porta-voz, o presidente afirmou "que agirá sempre de acordo com a verdade".
"Lugo é meu chefe, mas isso não nos impedirá de atuar", afirmou a ministra da Infância e Adolescência, Liz Torres, assegurando que o exame poderia ser exigido judicialmente. "A criança tem o direito de saber quem é seu pai, usar seu sobrenome e receber ajuda."
As três ministras do gabinete de Lugo -Torres, Gloria Rubín (pasta da Mulher) e Esperanza Martínez (Saúde)- participaram de reunião com o presidente para discutir rumores sobre filhos não reconhecidos e cobrar uma "posição clara" do governante. Segundo o jornal paraguaio "La Nación", uma terceira mulher pretende entrar com ação de reconhecimento de paternidade.
"Há piadas e provocações por todo o país de que vão aparecer cinco ou seis, 16 filhos. Veremos caso a caso", disse Rubín. "A Secretaria da Mulher estará a serviço de todas as mulheres que venham a exigir uma paternidade responsável."
Leguizamón, 27, contou que se sentiu encorajada a pedir o reconhecimento de paternidade depois que Lugo, 57, admitiu ser pai de Guillermo Carillo, de um ano e onze meses, fruto de relacionamento de dez anos entre ele e Viviana Carillo, 26.
"Não é justo que o filho do presidente viva passando tanta necessidade", disse Leguizamón, que tem três outros filhos e mora na periferia de Ciudad del Leste, onde trabalha como vendedora ambulante.
Ela contou ter procurado Lugo, então bispo de San Pedro, porque era mãe solteira e o pai negava assistência ao bebê. "O monsenhor [Lugo] me deu apoio, mas se aproveitou da minha necessidade e me induziu a ter relações."
Lugo ganhou notoriedade como "bispo dos pobres" em San Pedro, mas pediu dispensa clerical para se dedicar à política. O pedido foi concedido pelo Vaticano em 2008, após sua eleição e um longo período de relutância. Com a decisão, inédita para um bispo, ele voltou à condição de leigo.

Novo gabinete
Anunciada desde a semana passada pelo presidente Lugo, a reforma do gabinete de ontem consolidou a proeminência do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico, centro-direita), principal legenda da ampla coalizão governista, que inclui também partidos de esquerda.
Lugo manteve liberais à frente dos ministérios da Agricultura e Pecuária, da Justiça e Trabalho e da Indústria e Comércio. Na Educação e Cultura, quarta pasta onde houve troca de comando, o vice-ministro Luis Alberto Riart substituiu Horacio Galeano Perrone, ex-dirigente do Partido Colorado.


Com agências internacionais


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