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AMÉRICA LATINA
"A escolha cabe ao sr. Castro", diz o presidente, sobre o fim do embargo, no 100º aniversário da independência cubana
Bush vincula alívio de Cuba a reformas
DA REUTERS
O presidente dos EUA, George
W. Bush, definiu ontem condições severas para relaxar o embargo americano a Cuba, mas contrariou expectativas tanto de
seus defensores -que esperavam
um endurecimento das sanções- quanto de seus críticos
-que desejam sua suspensão.
O presidente não anunciou nenhuma medida nova contra Cuba, apesar de especulações de que
ele usaria a oportunidade para intensificar a pressão sobre Fidel.
"O objetivo da política dos EUA
em relação a Cuba não é um embargo permanente à economia
cubana. O objetivo é liberdade para o povo cubano", disse Bush.
"Com reformas reais em Cuba,
nossos países podem começar a
progredir após quatro décadas de
desconfiança e divisão. A escolha
cabe ao sr. Castro", afirmou o presidente, na Casa Branca.
Mas, antes de os EUA relaxarem
as restrições de viagem e comércio, Bush afirmou que Fidel teria
de soltar presos políticos e comprometer-se a realizar reformas
de abertura de mercado.
Além disso, ele pediu que Fidel
permitisse a realização de um referendo sobre reformas internas e
de eleições livres para a Assembléia Nacional em 2003 -garantindo o direito de partidos de oposição de se organizarem e permitindo que grupos de direitos humanos e observadores internacionais monitorassem o pleito.
Até que Fidel cumpra essas condições, disse Bush, os EUA vão
manter o embargo, que já dura 40
anos, incluindo limitações à venda de produtos agrícolas a Cuba.
"Se o governo de Cuba tomar
todas as medidas necessárias para
assegurar que as eleições de 2003
sejam comprovadamente livres e
justas, e se Cuba também começar a adotar reformas significativas na direção de uma economia
de mercado, então e apenas então
trabalharei com o Congresso dos
EUA para relaxar a proibição ao
comércio e às viagens entre nossos dois países", disse Bush.
Ele pediu que Fidel desse mais
liberdade aos sindicatos, respeitasse o direito à propriedade e
desse a empresários o direito de
negociar com seus funcionários
sem a interferência do governo.
"Idéias bem-intencionadas sobre comércio vão apenas engrandecer esse ditador, enriquecer
seus comparsas e fortalecer o regime totalitário", disse Bush. "Com
reformas políticas e econômicas
reais, o comércio pode beneficiar
o povo cubano e permitir que ele
compartilhe do progresso."
Se as condições forem cumpridas, afirmaram fontes do governo
dos EUA, Bush estaria disposto a
relaxar o embargo mesmo que Fidel permaneça no poder.
Bush esperava que sua política
em relação a Cuba ajudasse a brecar o crescente apoio político nos
EUA para relaxar as sanções.
Mas críticos disseram que o presidente manteve o status quo: um
embargo que não conseguiu forçar Cuba a adotar a democracia.
"Após 40 anos de fracasso, precisamos reconhecer que essa
abordagem claramente não está
funcionando e tentar algo novo",
disse o deputado republicano do
Arizona Jeff Flake, que propôs o
fim da proibição a viagens a Cuba.
"As únicas pessoas prejudicadas pelo embargo são cubanos
pobres e famintos e cidadãos
americanos que são, seja por lei
ou na prática, proibidos de viajar
ou vender produtos a Cuba", afirmou o senador democrata de Dakota do Norte Byron Dorgan.
Mas Bush não foi tão longe
quanto defensores do embargo
pediram depois que o ex-presidente americano Jimmy Carter,
em visita a Cuba, pediu o fim do
embargo e encorajou Fidel a permitir a realização de um referendo sobre reformas internas. Apesar de rejeitar o pedido pelo fim
do embargo, Bush não anunciou
novas restrições a viagens à ilha.
Após seu discurso em Washington, o presidente foi à Flórida falar
à comunidade cubano-americana, fervorosamente anti-Fidel, cujo apoio foi crucial para sua vitória na eleição de 2000.
Ele marcou o centésimo aniversário da independência de Cuba
dos EUA com o anúncio de uma
"Iniciativa por uma Nova Cuba"
que pede a retomada dos serviços
postais entre a ilha e os EUA e a
criação de bolsas de estudo para
filhos de presos políticos e cubanos tentando construir instituições civis independentes.
Bush disse ainda que facilitaria
obras de assistência humanitária
por ONGs e grupos religiosos. "O
dia de hoje pode marcar o início
de uma longa amizade entre nossos povos", disse. "Mas apenas se
o regime de Fidel enxergar a luz."
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