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SAÚDE
Para defensores dos direitos dos homossexuais, decisão não tem base científica
EUA proíbem gays de doar sêmen
DA REDAÇÃO
O governo dos Estados Unidos
proibiu ontem que homossexuais
façam doações anônimas de sêmen para bancos de espermatozóide, alegando que a medida visa
reduzir os riscos de transmissão
de doenças. A decisão foi criticada
por organizações de defesa dos
direitos dos gays, que vêem na
medida um ato discriminatório.
As novas regras, determinadas
pela agência federal FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos) e que entram em vigor
na terça, obrigam as instituições
que preservam células e tecidos
humanos a perguntar aos doadores se usam drogas ou tiveram relações homossexuais nos últimos
cinco anos. Em caso afirmativo, a
doação deve ser rejeitada.
"Um doador diagnosticado
com uma enfermidade [contagiosa] que apresenta sintomas ou
tem comportamento de risco que
facilite o contágio de determinada
doença não será considerado apto
e suas células e tecidos não serão
utilizados", afirma a FDA.
O Estado de Nova York já proíbe que gays doem espermatozóides, e a maior parte dos bancos do
país também impõe restrições similares devido ao temor de transmissão do HIV, o vírus da Aids.
"Os testes apresentam informações em 72 horas que permitem
saber se uma pessoa é portadora
do HIV. Inclusive, a Cruz Vermelha Internacional aceita doações
[de sangue] de pessoas que tiveram relações sexuais com outros
homens. Novamente o governo
ignora os fatos científicos e impõe
sua agenda para satisfazer seu
eleitorado de extrema direita",
afirmou Roberta Sklar, porta-voz
da Força Tarefa Gay e Lésbica Nacional, uma importante organização de defesa dos homossexuais.
O presidente George W. Bush,
que já se manifestou contra o casamento gay e defende a aprovação de uma emenda à Constituição proibindo esse tipo de união,
é freqüentemente acusado de manipular informações científicas
com fins políticos. Em fevereiro,
um grupo de pesquisadores que
inclui 20 ganhadores do Prêmio
Nobel o acusou de "manipulação,
supressão ou deformação, sem
precedentes, da ciência".
A nova regulamentação da FDA
vai afetar o funcionamento de
bancos de tecidos humanos, que
não estavam submetidos às mesmas exigências impostas aos bancos de sangue e órgãos. Agora, os
bancos de tecidos também são
obrigados a testar os doadores para HIV, hepatite B e C, sífilis e
Creutzfeldt-Jakob (a forma humana do mal da vaca louca).
Os doadores de espermatozóides devem ser testados ainda contra outras doenças sexualmente
transmissíveis, como clamídia e
gonorréia. A proibição da FDA
não impede que gays façam doações para amigas e familiares.
Brasil
No Brasil, não há uma política
consolidada em relação à doação
de sêmen por homossexuais. Alguns centros seguem as orientações da Sociedade Americana de
Fertilidade, que não recomenda a
doação de sêmen por homossexuais e heterossexuais que tiveram mais de uma parceira no ano.
Para o ginecologista Eduardo
Motta, diretor da clínica Huntington, que também possui banco de
esperma, homens que tenham
aprovados todos os exames sorológicos e que possuam um bom
número de espermatozóides são
aceitos como doadores de sêmen
"independentemente da opção
sexual, credo ou raça".
Colaborou Cláudia Collucci da Redação
Com agências internacionais e "The New
York Times"
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