São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA/ DECISÃO DEMOCRATA

Com maioria de delegados, Obama diz já avistar vitória

Vencedor entre representantes escolhidos em prévias, senador agora espera superdelegados

No Kentucky, após vitória esperada, Hillary procura esvaziar feito do oponente e diz que decisão caberá ao Partido Democrata

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES (IOWA)

De volta ao palco onde tudo começou, no dia 3 de janeiro deste ano, Barack Obama comemorou em Des Moines, Iowa, o que chamou de "marco importante" -eufemismo escolhido por sua campanha depois da celeuma causada pela palavra "vitória". Na noite de ontem, o senador democrata ultrapassou a maioria (1.627) do número de delegados escolhidos pelo voto popular na disputa pela candidatura do partido de oposição à sucessão do presidente George W. Bush
"Vocês nos colocaram ao alcance da candidatura democrata à Presidência dos EUA", disse, no centro da cidade, sob gritos e aplausos de uma platéia de 2.000 pessoas, entre elas celebridades como a atriz Susan Sarandon, de olhos marejados e cachorrinho no colo. "Voltamos a Iowa com a maioria dos delegados eleitos pelo povo."
Apurados 35% dos votos até a conclusão desta edição, Obama liderava em Oregon com 60% dos votos, contra 40% de Hillary. Em Kentucky, o outro Estado que realizou prévias ontem, na antepenúltima etapa dessa frase do processo eleitoral democrata, Hillary teve vitória acachapante de 65% a 30%. Ainda assim, o senador bate a ex-primeira-dama em todos os quesitos: delegados, superdelegados, votos populares e dinheiro arrecadado.
Apesar de nenhum dos dois ter alcançado o número mínimo para garantir a indicação do partido segundo as regras atuais (2.025 delegados e superdelegados), se mantiver nas três prévias restantes sua votação média até agora, Hillary teria de conquistar 98% dos superdelegados que ainda não revelaram voto, algo improvável.
Ao contrário dos delegados simples, os superdelegados não precisam seguir resultados de prévias ao votarem na convenção partidária, em agosto.

Decisão na cúpula
Ao agradecer a vitória esperada em Kentucky, Hillary quase repetiu discurso da semana passada, na Virgínia Ocidental. Se os Estados são parecidos, a diferença esteve nos detalhes: no discurso de ontem à noite, ela afastou o peso do voto popular sobre a candidatura do partido, procurando esvaziar a superioridade de Obama ali.
De quebra, acenou com a "chapa dos sonhos", como é chamada a hipótese de ela e o senador concorrerem juntos. "Nosso partido tem uma escolha dura a fazer", afirmou, em Louisville. "Quem está pronto para liderar nosso partido no topo da nossa chapa?", perguntou. "Quem está pronto para derrotar [John] McCain nos Estados indefinidos e entre eleitores indecisos?".
Não ela. Pelo menos é o que sugere resultado mais recente de pesquisa realizada pelo instituto Gallup, segundo a qual Obama melhorou sua posição entre mulheres, brancos e pessoas sem formação universitária -três universos em que a ex-primeira-dama sobressai.
Essas fatias do eleitorado também são cruciais nos chamados "swing states", Estados sem preferência partidária clara e que podem definir as eleições em novembro, o que fragiliza a tese de ontem de Hillary.
Pelo levantamento, feito entre 1º e 13 de maio com 5.474 eleitores democratas ou inclinados a votar na oposição, Obama empata tecnicamente pela primeira vez entre os brancos e lidera entre as mulheres, por 49% a 46%. A margem de erro é de um ponto percentual.
Embora os números sozinhos não valham muito em uma eleição pródiga em erros de pesquisa, podem servir como um registro instantâneo. E a fotografia que mostram é de crise na campanha de Hillary.


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