|
Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NOS EUA/ DECISÃO DEMOCRATA
Com maioria de delegados, Obama diz já avistar vitória
Vencedor entre representantes escolhidos em prévias, senador agora espera superdelegados
No Kentucky, após vitória esperada, Hillary procura esvaziar feito do oponente
e diz que decisão caberá ao Partido Democrata
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES (IOWA)
De volta ao palco onde tudo
começou, no dia 3 de janeiro
deste ano, Barack Obama comemorou em Des Moines, Iowa, o que chamou de "marco
importante" -eufemismo escolhido por sua campanha depois da celeuma causada pela
palavra "vitória". Na noite de
ontem, o senador democrata
ultrapassou a maioria (1.627)
do número de delegados escolhidos pelo voto popular na disputa pela candidatura do partido de oposição à sucessão do
presidente George W. Bush
"Vocês nos colocaram ao alcance da candidatura democrata à Presidência dos EUA", disse, no centro da cidade, sob gritos e aplausos de uma platéia de
2.000 pessoas, entre elas celebridades como a atriz Susan Sarandon, de olhos marejados e
cachorrinho no colo. "Voltamos a Iowa com a maioria dos
delegados eleitos pelo povo."
Apurados 35% dos votos até a
conclusão desta edição, Obama
liderava em Oregon com 60%
dos votos, contra 40% de Hillary. Em Kentucky, o outro Estado que realizou prévias ontem, na antepenúltima etapa
dessa frase do processo eleitoral democrata, Hillary teve vitória acachapante de 65% a
30%. Ainda assim, o senador
bate a ex-primeira-dama em
todos os quesitos: delegados,
superdelegados, votos populares e dinheiro arrecadado.
Apesar de nenhum dos dois
ter alcançado o número mínimo para garantir a indicação do
partido segundo as regras
atuais (2.025 delegados e superdelegados), se mantiver nas
três prévias restantes sua votação média até agora, Hillary teria de conquistar 98% dos superdelegados que ainda não revelaram voto, algo improvável.
Ao contrário dos delegados
simples, os superdelegados não
precisam seguir resultados de
prévias ao votarem na convenção partidária, em agosto.
Decisão na cúpula
Ao agradecer a vitória esperada em Kentucky, Hillary quase repetiu discurso da semana
passada, na Virgínia Ocidental.
Se os Estados são parecidos, a
diferença esteve nos detalhes:
no discurso de ontem à noite,
ela afastou o peso do voto popular sobre a candidatura do
partido, procurando esvaziar a
superioridade de Obama ali.
De quebra, acenou com a
"chapa dos sonhos", como é
chamada a hipótese de ela e o
senador concorrerem juntos.
"Nosso partido tem uma escolha dura a fazer", afirmou, em
Louisville. "Quem está pronto
para liderar nosso partido no
topo da nossa chapa?", perguntou. "Quem está pronto para
derrotar [John] McCain nos
Estados indefinidos e entre
eleitores indecisos?".
Não ela. Pelo menos é o que
sugere resultado mais recente
de pesquisa realizada pelo instituto Gallup, segundo a qual
Obama melhorou sua posição
entre mulheres, brancos e pessoas sem formação universitária -três universos em que a
ex-primeira-dama sobressai.
Essas fatias do eleitorado
também são cruciais nos chamados "swing states", Estados
sem preferência partidária clara e que podem definir as eleições em novembro, o que fragiliza a tese de ontem de Hillary.
Pelo levantamento, feito entre 1º e 13 de maio com 5.474
eleitores democratas ou inclinados a votar na oposição, Obama empata tecnicamente pela
primeira vez entre os brancos e
lidera entre as mulheres, por
49% a 46%. A margem de erro é
de um ponto percentual.
Embora os números sozinhos não valham muito em
uma eleição pródiga em erros
de pesquisa, podem servir como um registro instantâneo. E
a fotografia que mostram é de
crise na campanha de Hillary.
Próximo Texto: Americanas Índice
|