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EUA
Instituto que tem a mulher do vice-presidente americano como membro acompanhará atividades de cerca de 200 organizações
Grupo próximo a Bush quer fiscalizar ONGs
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Um instituto umbilicalmente ligado ao governo americano nomeou-se fiscal das principais
ONGs (organizações não-governamentais) do mundo. A premissa oficial é de que tais entidades
ganham cada vez mais poder sem
estarem submetidas a qualquer
controle de suas atividades.
Quem está à frente do projeto é
o AEI (American Enterprise Institute), centro intelectual conservador dos EUA que tem entre seus
membros Lynne Cheney, mulher
do vice-presidente Dick Cheney, e
Richard Perle, influente consultor
do Pentágono. O AEI terá ajuda
da Federalist Society, associação
de advogados.
O NGO Watch, como foi batizado o projeto, deverá elaborar relatórios sobre as atividades de cerca
de 200 ONGs, dedicando especial
atenção às maiores.
"O objetivo é trazer transparência e prestação de contas às ONGs. É
um projeto não-partidário para
olhar mais de perto a influência
delas em políticas públicas", diz
Brian Hook, um dos organizadores do NGO Watch.
Organizações não-governamentais temem, porém, que o objetivo seja usá-lo como forma de
pressão sobre suas atividades e
opiniões.
O AEI é apontado como o estofo
intelectual de boa parte das políticas executadas pela Casa Branca.
Foi uma das primeiras instituições a defender que os EUA atacassem o Iraque.
Para lançar o plano, o instituto
promoveu na semana passada
um evento chamado "Não somos
do governo, mas estamos aqui para ajudar; Organizações não-governamentais, o poder crescente
de alguns não-eleitos".
Na apresentação do seminário,
dizia: "ONGs criaram suas próprias regras e exigem que governos e corporações as aceitem. Recursos de cidadãos e acionistas
são usados para apoiar fins que
eles não gostariam. O poder extraordinariamente crescente de
ONGs advocatórias nas democracias liberais tem potencial para
destruir e minar a soberania de
democracias constitucionais".
Nos primeiros relatórios que
colocou no site do projeto, ainda
embrionário, aparecem informações sobre dez organizações, entre elas o Greenpeace, a Human
Rights Watch e a CARE International. Traz dados como missão e
os nomes dos principais diretores, além de reproduzir o formulário de prestação de contas da
entidade.
"Não posso entender essa reação das ONGs. Por que elas não
dizem: "Temos que ser mais observadas, publicar nossos salários, indicar nossas fontes de financiamento; isso é o que pedimos de quem criticamos, temos
que fazer nós mesmos'", diz Joe
Entine, pesquisador do AEI.
Além do comportamento geral
das ONGs, Entine critica também
suas opiniões em itens como ciência e poluição. "Elas têm noções
dos anos 60: "genéricos devem ser
temidos", "testes em animais são
ruins". São noções ridículas, sem
base na ciência. As ONGs se tornaram opostas ao que deveriam
ser. Tornaram-se opositoras da
reforma", diz.
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