São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Allawi diz que Exército ajudará polícia e defende ataque dos EUA que matou 22, embora civis possam ter morrido

Segurança será reestruturada, diz premiê

Akram Saleh/Reuters
Menino mostra roupa encontrada em casa destruída na véspera por bombardeio, em Fallujah; EUA dizem que terroristas eram alvo


DA REDAÇÃO

O Iraque revelou ontem que planeja reestruturar suas forças de segurança para combater os insurgentes que procuram semear o caos antes da entrega formal do poder aos iraquianos, prevista para o final deste mês, e que poderá decretar estado de emergência após o final da ocupação, que é liderada pelos EUA.
O premiê iraquiano, Iyad Allawi, que lidera o governo interino que assumirá no final do mês, afirmou que o Exército -ainda incipiente- colaborará com o trabalho dos esquadrões policiais que serão responsáveis pelo combate a "terroristas" e pela prevenção de ataques a oleodutos.
A restauração de dois oleodutos situados no sul do país, que foram atacados por insurgentes recentemente, ainda não terminou. Autoridades iraquianas disseram que a exportação de petróleo poderá ser retomada hoje.
"A força de intervenção iraquiana permitirá que, em qualquer lugar do país, derrotemos as forças que se opõem à democracia e à liberdade, sobretudo as pessoas que preferem se esconder atrás de iraquianos inocentes em nossos vilarejos e em nossas cidades", afirmou Allawi.
"Em tempos difíceis, uma parte substancial do Exército terá de ser usada para ajudar no escorço para derrotar as ameaças externas que pesam sobre nossa segurança nacional", acrescentou o premiê.
Planos anteriores não previam a utilização do Exército em tarefas de policiamento doméstico. O ex-ditador Saddam Hussein dispunha de inúmeras agências de segurança para garantir a manutenção de seu regime, que costumava esmagar brutalmente qualquer forma de oposição.
Allawi pediu a ajuda da comunidade internacional na manutenção da segurança no Iraque. Senadores americanos criticaram a França e a Alemanha por não concordarem em dar uma ajuda mais concreta ao Iraque. Segundo eles, a Otan (aliança militar ocidental) deveria ter um papel importante na reconstrução. A França é contrária a essa possibilidade.
Allawi disse ainda que seu governo formara uma comissão ministerial para coordenar os esforços para garantir a segurança no país. "Nosso governo continuará a luta contra as pessoas que querem impedir o crescimento econômico iraquiano", afirmou.

Controvérsia
O premiê defendeu o ataque americano que, anteontem, matara 22 pessoas em Fallujah, embora autoridades iraquianas locais tenham reiterado que havia mulheres e crianças entre os mortos. Segundo Allawi, a casa destruída era usada por "terroristas".
Os EUA disseram, anteontem, que extremistas ligados a Abu Musab Zarqawi, um jordaniano que, de acordo com Washington, é ligado à rede terrorista Al Qaeda, estavam na casa destruída por um bombardeio americano.
"Sabemos que uma casa usada por terroristas foi destruída. Apoiamos ações contra terroristas em qualquer lugar do Iraque", afirmou Allawi.
Mas o brigadeiro iraquiano Nouri Aboud, que trabalha em Fallujah, disse à agência de notícias Reuters que só uma "família" morava na casa. "Inspecionamos a casa atingida. Não há sinais de que estrangeiros vivessem nela. Zarqawi e seus homens não estão em Fallujah", disse Aboud.

Novos enfrentamentos
Uma bomba explodiu perto de um comboio do Ministério da Saúde, mas não houve danos graves, segundo o ministério. De acordo com a coalizão anglo-americana, ao menos 11 irsurgentes foram mortos em enfrentamentos ocorridos perto de Bagdá.
Insurgentes iraquianos provocaram uma explosão numa estrada perto do aeroporto de Bagdá, matando dois soldados iraquianos e ferindo 11 outros.
Um marine foi morto em combate na Província de Al Anbar, a oeste de Bagdá, segundo militares americanos. A Província inclui as cidades de Fallujah e de Ramadi. Desde a invasão do Iraque, ocorrida em 2003, 615 militares americanos morreram em ações hostis.
Um motorista de caminhão turco foi morto por soldados dos EUA num posto de controle perto de Bagdá, segundo uma TV turca.

Com agências internacionais


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