São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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AMÉRICA DO SUL

Números são da Província de Buenos Aires, a maior do país, que teve salto de 46 para 306 vítimas em dois anos

Cresce número de seqüestros na Argentina

DA REDAÇÃO

Os dois principais jornais argentinos estamparam ontem em suas manchetes dados alarmantes sobre o avanço no número de seqüestros no país.
Citando um relatório divulgado pelo Ministério de Segurança Bonaerense, o "Clarín" aponta que o número de seqüestros na Província de Buenos Aires (que tem a maior população entre as Províncias argentinas e que não inclui a capital, Buenos Aires), quintuplicou em dois anos. Entre 2001 e 2003, o número de seqüestros saltou de 46 para 306, o que representa um incremento de 565%.
O montante de dinheiro pago para a liberação dos reféns atingiu, apenas no ano passado, 3,3 milhões de pesos [cerca de R$ 3,5 milhões], sendo que muito pouco desse valor foi recuperado.
O "Clarín" também afirma que essa modalidade de crime sofreu várias alterações durante esse período. Se antes o alvo era apenas uma pessoa, hoje os alvos dos seqüestros são várias pessoas ao mesmo tempo.
A logística dos seqüestradores também se modificou significativamente -em direção a uma maior profissionalização. Em vez da formação tradicional de um chefe e vários "soldados", os grupos são hoje liderados por um "especialista", que monta seu grupo conforme o alvo escolhido.
E, em vez de se reunirem em bandos, eles agora estão se organizando em redes mais extensas, formando "diferentes combinações segundo o objetivo", diz o jornal. Como exemplo, o "Clarín" aponta que dois dos seqüestradores mais procurados pela polícia, Maximiliano Rodríguez "Pachu" Peñaflor e Cristian "Hígado" Muñoz Broudin, realizaram operações ilícitas conjuntas desde 1997, como homicídio, assaltos a bancos e roubos de carros.
"Pachu" e "Hígado" estão sendo procurados pelo seqüestro do estudante Cristián Ramaro, que foi libertado na última terça-feira depois do pagamento de um resgate de pelo menos 200 mil pesos [cerca de R$ 212 mil].
Segundo o relatório do Ministério de Segurança Bonaerense citado pelo "Clarín", a polícia também estaria envolvida em vários seqüestros, por meio de extorsão.
Já o jornal "La Nación" destaca que mais de cem criminosos migraram de atividade como assaltos a bancos, carros-fortes e empresas para o ramo dos seqüestros. Isso em vários pontos da Argentina.
Segundo o diário, que menciona informações obtidas de investigadores da Polícia Federal e da de Buenos Aires, o principal motivo da mudança é que, com seqüestros, "se ganha dinheiro de forma mais rápida".
A tática desses grupos é atuar sempre como "células que se regeneram, desaparecem, morrem, mudam ou alternam de função de acordo com suas necessidades", informa o diário. Quando algum membro cai nas mãos da polícia, outra pessoa é imediatamente convocada.
O vínculo entre as forças de segurança e os seqüestradores também é apontado pelo jornal "La Nación": como foram informantes ou cúmplices [da polícia], eles contam com uma espécie de "zona livre" de atuação. Isso explicaria, diz o jornal, por que "muitos seqüestradores continuam livres e por que, mesmo quando seus líderes são presos, o dinheiro pago pelo resgate raramente aparece".
Um outro caso apontado pelo jornal é quando o seqüestrador permanece na clandestinidade por receber proteção política.
A polícia pensa que um dos principais seqüestradores do país, "La Rubia" Rodolfo Lorhman Krentz, cruzou a fronteira e "está refugiado em uma favela do Brasil", afirma o diário "La Nación".


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