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AMÉRICA DO SUL
Números são da Província de Buenos Aires, a maior do país, que teve salto de 46 para 306 vítimas em dois anos
Cresce número de seqüestros na Argentina
DA REDAÇÃO
Os dois principais jornais argentinos estamparam ontem em
suas manchetes dados alarmantes
sobre o avanço no número de seqüestros no país.
Citando um relatório divulgado
pelo Ministério de Segurança Bonaerense, o "Clarín" aponta que o
número de seqüestros na Província de Buenos Aires (que tem a
maior população entre as Províncias argentinas e que não inclui a
capital, Buenos Aires), quintuplicou em dois anos. Entre 2001 e
2003, o número de seqüestros saltou de 46 para 306, o que representa um incremento de 565%.
O montante de dinheiro pago
para a liberação dos reféns atingiu, apenas no ano passado, 3,3
milhões de pesos [cerca de R$ 3,5
milhões], sendo que muito pouco
desse valor foi recuperado.
O "Clarín" também afirma que
essa modalidade de crime sofreu
várias alterações durante esse período. Se antes o alvo era apenas
uma pessoa, hoje os alvos dos seqüestros são várias pessoas ao
mesmo tempo.
A logística dos seqüestradores
também se modificou significativamente -em direção a uma
maior profissionalização. Em vez
da formação tradicional de um
chefe e vários "soldados", os grupos são hoje liderados por um
"especialista", que monta seu grupo conforme o alvo escolhido.
E, em vez de se reunirem em
bandos, eles agora estão se organizando em redes mais extensas,
formando "diferentes combinações segundo o objetivo", diz o
jornal. Como exemplo, o "Clarín"
aponta que dois dos seqüestradores mais procurados pela polícia,
Maximiliano Rodríguez "Pachu"
Peñaflor e Cristian "Hígado" Muñoz Broudin, realizaram operações ilícitas conjuntas desde 1997,
como homicídio, assaltos a bancos e roubos de carros.
"Pachu" e "Hígado" estão sendo procurados pelo seqüestro do
estudante Cristián Ramaro, que
foi libertado na última terça-feira
depois do pagamento de um resgate de pelo menos 200 mil pesos
[cerca de R$ 212 mil].
Segundo o relatório do Ministério de Segurança Bonaerense citado pelo "Clarín", a polícia também estaria envolvida em vários
seqüestros, por meio de extorsão.
Já o jornal "La Nación" destaca
que mais de cem criminosos migraram de atividade como assaltos a bancos, carros-fortes e empresas para o ramo dos seqüestros. Isso em vários pontos da Argentina.
Segundo o diário, que menciona informações obtidas de investigadores da Polícia Federal e da
de Buenos Aires, o principal motivo da mudança é que, com seqüestros, "se ganha dinheiro de
forma mais rápida".
A tática desses grupos é atuar
sempre como "células que se regeneram, desaparecem, morrem,
mudam ou alternam de função de
acordo com suas necessidades",
informa o diário. Quando algum
membro cai nas mãos da polícia,
outra pessoa é imediatamente
convocada.
O vínculo entre as forças de segurança e os seqüestradores também é apontado pelo jornal "La
Nación": como foram informantes ou cúmplices [da polícia], eles
contam com uma espécie de "zona livre" de atuação. Isso explicaria, diz o jornal, por que "muitos
seqüestradores continuam livres
e por que, mesmo quando seus líderes são presos, o dinheiro pago
pelo resgate raramente aparece".
Um outro caso apontado pelo
jornal é quando o seqüestrador
permanece na clandestinidade
por receber proteção política.
A polícia pensa que um dos
principais seqüestradores do país,
"La Rubia" Rodolfo Lorhman
Krentz, cruzou a fronteira e "está
refugiado em uma favela do Brasil", afirma o diário "La Nación".
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