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Polícia restringe novos protestos no Irã
Após ultimato do líder supremo, forças de segurança reprimem com água e gás cerca de 3.000 manifestantes em Teerã
TV estatal relata atentado
ao mausoléu do aiatolá Khomeini; Conselho dos Guardiães fará recontagem
aleatória de 10% das urnas
Ali Safari/France Presse
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Iraniano protesta contra resultado das eleições, ontem, em Teerã
DA REDAÇÃO
Uma nova tentativa de protesto em favor de novas eleições presidenciais no Irã, a primeira desde que o líder supremo do país ordenou o fim das
manifestações contra a reeleição do presidente Mahmoud
Ahmadinejad, foi reprimida,
ontem, pela polícia, que usou
bombas de gás lacrimogêneo e
jatos de água para dispersar os
manifestantes.
De acordo com testemunhas,
cerca de 3.000 pessoas foram
às ruas do centro de Teerã, perto da praça da Revolução, gritando as palavras de ordem
"morte ao ditador".
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, havia alertado na sexta que novas manifestações seriam "um erro" e que
os participantes de passeatas
seriam "responsáveis por derramamento de sangue e caos".
Testemunhas afirmaram que
milhares de policiais e milicianos foram acionados para evitar manifestações nas ruas. "A
polícia antidistúrbios proíbe
que qualquer um se aproxime
da praça da Revolução, onde está prevista uma manifestação,
bloqueia as pessoas nas ruas e
as empurra na calçada e as agride", relatou uma testemunha.
Houve relatos, não confirmados, de mortos.
O candidato reformista derrotado Mir Hossein Mousavi
pediu, em um dos protestos,
que os manifestantes organizem uma greve geral no país caso ele seja preso, segundo relatos da agência de notícias Reuters e do "New York Times".
"Estou pronto para o martírio",
ele teria dito.
As manifestações de ontem
foram menores, mas com choques mais violentos, que as dos
dias anteriores -em que centenas de milhares participaram.
Em outro incidente ocorrido
na capital iraniana, uma explosão foi registrada no mausoléu
do aiatolá Ruhollah Khomeini
(1900-1989), matando uma
pessoa e ferindo outras oito, de
acordo com uma TV estatal. Segundo a agência iraniana Fars,
tratou-se de um homem-bomba. Porém, as informações não
puderam ser confirmadas por
fontes independentes, já que a
cobertura dos jornalistas estrangeiros é restringida pelo
governo. Esse foi o primeiro
atentado suicida que acontece
em Teerã desde os anos 1980.
Partidários de Mousavi incendiaram um prédio usado
por simpatizantes do presidente Mahmoud Ahmadinejad, de
acordo com testemunhas.
Em um ato de provocação ao
governo, opositores ocuparam
o topo de prédios na noite de
sexta-feira e gritaram "Deus é
grande", em reprodução das táticas usadas na Revolução Islâmica de 1979.
Recontagem por amostra
O Conselho dos Guardiães,
máxima instância constitucional iraniana, decidiu que vai recontar uma amostra de 10%
dos votos colocados nas urnas,
apesar da declaração de Khamenei de que o resultado da
eleição que reelegeu Ahmadinejad era "definitivo".
"Ainda que o Conselho dos
Guardiães não seja obrigado legalmente, estamos dispostos a
recontar, aleatoriamente, 10%
dos votos, na presença de representantes dos três candidatos derrotados", disse o porta-voz do conselho. O resultado
deverá sair na quarta-feira.
Os três candidatos derrotados foram convocados para
uma reunião extraordinária do
Conselho dos Guardiães para
analisar as 646 queixas formais
que foram apresentadas, sob
alegação que houve irregularidades no processo eleitoral.
Mas nenhum dos candidatos
reformistas -Mousavi e Mehdi
Karubi- compareceu, apenas o
conservador Mohsen Rezaei.
Mousavi enviou ontem uma
carta ao conselho, insistindo na
anulação das eleições. Antes da
sua realização, analistas apontavam que Mousavi era um forte oponente para Ahmadinejad. Porém, duas horas após o
fechamento das urnas, a agência estatal de notícias já declarava a reeleição do presidente.
O resultado oficial deu a Ahmadinejad 63% dos votos, contra
33% de Mousavi.
Com agências internacionais
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