São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 2011

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ANÁLISE

Novo resgate pode salvar os gregos por apenas alguns meses

ANDREW TORCHIA
DA REUTERS

O plano da Europa para um novo resgate à Grécia pode conceder ao país mais alguns meses de prazo antes que volte a enfrentar a perspectiva de um calote ou de reestruturação radical de sua dívida.
A promessa dos ministros das Finanças da zona do euro quanto a desembolsar € 12 bilhões (R$ 27 bilhões) em empréstimos de emergência em julho deve permitir que a Grécia se mantenha à tona até setembro.
Mas o plano dos ministros de Finanças para um segundo resgate adota a mesma abordagem que o primeiro pacote, lançado em maio de 2010: não inclui medidas diretas de redução das dívidas gregas e simplesmente tenta adiar o calote, até que Atenas seja capaz de reformar seu Orçamento e a economia grega recomece a crescer e, assim, indique que pode resolver seus problemas.
A abordagem começou a fracassar apenas nove meses depois de lançado o primeiro pacote de resgate porque Atenas descumpriu por largas margens as metas de dívida e crescimento, e o apoio político dos gregos às medidas de austeridade se enfraqueceu desde o ano passado.
Por isso, os mercados continuarão preocupados com a possibilidade de que pressões políticas e econômicas forcem a Grécia a adotar solução mais radical: um plano que reduziria dívidas por meio da imposição de perdas aos credores privados e oficiais.
Haverá eleições gerais na Grécia no máximo em outubro de 2013. Caso o primeiro-ministro George Papandreou continue a perder apoio legislativo, não é possível descartar uma eleição antecipada.
Papandreou anunciou no domingo a realização de um referendo sobre mudanças eleitorais e políticas antes do final deste ano, entre as quais alterações na responsabilidade dos ministros. Caso o governo sofra derrota nessa votação, o apoio político às medidas de austeridade pode cair ainda mais.
Para coincidir com o novo pacote de resgate, Papandreou está tentando recomeçar do zero em termos políticos, com a reforma ministerial da semana passada e a solicitação de um voto de confiança no Legislativo.
Enquanto isso, o apoio político à estratégia de resgate não é sólido em alguns dos doadores europeus, entre os quais o maior, a Alemanha.
Se o segundo resgate parecer não estar funcionando, pode crescer a pressão por uma solução mais radical.
O especialista do partido de situação alemão Manfred Kolbe disse que "precisamos da redução no valor [dos títulos], e ela não acontecerá voluntariamente".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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