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Milhares vão a La Paz contra troca de capital boliviana
Constituintes querem transferir sede do Executivo para Sucre, que já abriga Judiciário
Com apoio no altiplano, governo diz que medida tenta dividir país; oposição, nas terras altas, afirma que Sucre é o berço boliviano
Prefeitura de La Paz/Reuters
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Protesto em El Alto, que organização diz ter atraído 1 milhão |
DA REDAÇÃO
Em uma das maiores manifestações da história da Bolívia,
centenas de milhares de pessoas tomaram ontem as ruas de
El Alto e de La Paz, no altiplano
boliviano, em uma marcha contra a proposta de transferência
da sede do governo para a cidade de Sucre, em discussão na
Assembléia Constituinte.
Liderados pelo governo local,
os manifestantes deram um ultimato aos constituintes para
que descartem a proposta que,
segundo eles, representa um
"gasto desnecessário" e um
"risco para a unidade do país",
além de provocar prejuízos
econômicos à região.
"Damos à Assembléia Constituinte prazo até 6 de agosto
para que elimine de maneira
definitiva o tratamento do tema da sede do governo em todas as suas instâncias", diz resolução aprovada em uma espécie de assembléia popular
dos manifestantes.
"Caso contrário, será dado
início a uma greve departamental indefinida e uma mobilização geral e nacional, incluindo uma vigília permanente na Assembléia Constituinte", acrescentou.
O protesto foi liderado pelo
governo do departamento de
La Paz e pelas prefeituras locais, que estimaram a multidão
em mais de 1 milhão de pessoas.
"A resposta da população foi
maior do que imaginávamos",
disse o governador José Luis
Paredes.
Rivalidades
Local de fundação da Bolívia
em 1825, Sucre foi capital do
país até perder uma guerra civil
para La Paz, e hoje abriga apenas o Poder Judiciário. Os demais Poderes, Executivo e Legislativo, têm sede em La Paz.
Os constituintes do departamento de Chuquisaca, onde fica Sucre, argumentam que a cidade teria melhores condições
de representar a totalidade do
país, já que fica na zona central,
além de ser seu berço histórico.
Mas a proposta acabou acirrando rivalidades regionais entre os simpatizantes do presidente Evo Morales, no pobre
altiplano, e seus adversários
nas terras baixas, mais prósperas. O próprio governo Morales
se manifestou contra a transferência da capital.
"Viemos dizer àqueles que
querem nos separar, que querem a divisão de nosso país, que
suas tentativas vão fracassar",
disse à multidão o presidente
da Câmara Municipal de La
Paz, Luis Revilla.
O empresariado local também se somou ao protestos. "É
impensável pretender que haja
uma mudança de sede", disse o
presidente da Federação de
Empresários Privados de La
Paz, Juan Enrique García.
Sob o lema "a sede não se move", milhares de camponeses,
indígenas e moradores locais se
deslocaram em quatro colunas,
em uma marcha que se estendeu por vários quilômetros, e se
concentraram na cabeceira da
rodovia que liga La Paz a El Alto
para a assembléia final.
As duas cidade amanheceram paralisadas. Empresas, órgãos públicos e bancos fecharam suas portas, e o tráfego era
mínimo.
Instalada há um ano em Sucre, a Assembléia Constituinte
até agora não conseguiu aprovar nem um único artigo. O
prazo para a redação da nova
Carta, já estendido anteriormente, é 14 de dezembro.
Com agências internacionais
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