Em lançamento de licitação, o presidente da Argentina elogiou a mulher, que concorre a sucedê-lo na Presidência

Presidente e senadora, que lançou sua candidatura anteontem, choraram em Santa Cruz, Província onde o casal fez carreira política

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Um dia após lançar sua candidatura à Presidência com um ato festivo em La Plata, a primeira-dama argentina, Cristina Fernández de Kirchner, acompanhou ontem seu marido, Néstor, a um evento oficial em Santa Cruz, Província onde o casal construiu sua carreira política.
Diferentemente da véspera, quando Cristina foi a única oradora em seu ato de lançamento, com um discurso repleto de elogios ao marido, ontem só Kirchner discursou em Puerto Santa Cruz, onde anunciou o início da licitação para a construção de duas novas usinas hidrelétricas na Província -a crise energética é um dos maiores problemas na campanha de Cristina até as eleições, em 28 de outubro.
O presidente retribuiu os elogios da mulher, afirmando que ela "será o novo amanhecer da pátria" e fará um governo "muito melhor" que o seu.
Kirchner afirmou ainda que foi desejo de Cristina estar, no primeiro dia de sua candidatura, em Santa Cruz, "essa terra que ela tanto ama". Cristina nasceu em La Plata, mas viveu em Santa Cruz com o marido entre 1975 e 2003, quando ele se elegeu presidente.
O ato oficial teve espaço até para a emoção que faltou no calculado discurso de lançamento de Cristina. "Caem-me as lágrimas. Estou feliz que elas caiam porque meu coração se comove com a vontade de estar no meio de vocês" , disse Kirchner, em meio a lágrimas, compartilhadas pela mulher.

Críticas
Os principais candidatos da oposição à Presidência criticaram o ato de lançamento de Cristina. "Foi hollywoodiano; Spielberg não faria melhor. Se vão dar ao governo os teatros públicos para fazer seus discursos, peço que, quando nós da oposição fizermos nossos atos em La Plata, tenhamos as mesmas facilidades", afirmou Ricardo López Murphy, que em 2003 foi o terceiro na disputa pela Presidência e hoje é quarto colocado nas pesquisas.
O ato de lançamento da campanha de Cristina foi transmitido pela TV pública e retransmitido para emissoras de todo o país pelo mesmo aparato usado para divulgar os atos oficiais de Kirchner. A íntegra do discurso da primeira-dama foi disponibilizada no site da agência de notícias oficial do governo.
O ex-ministro Roberto Lavagna, que briga pelo segundo lugar nas pesquisas com Elisa Carrió, criticou o conteúdo do discurso. "Eles falam de concertação quando o que querem é a concentração de poder."
Já Carrió foi irônica e disse que não assiste televisão.


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